Siagon, cidade do Vietnã: bolsa local subiu 15% no ano ( Ho Ngoc Binh/Getty Images)
Repórter
Publicado em 12 de junho de 2024 às 07h00.
Oportunidades em inteligência artificial e títulos mais rentáveis em décadas têm levado os Estados Unidos a concentrarem investimentos do mundo inteiro. Mas um antigo rival dos americanos tem nadado contra a corrente e conseguido manter seu saldo de investimentos positivo: o Vietnã. O país tem sido um dos poucos emergentes da Ásia que segue atraindo investimento estrangeiro direto (IED). Entre janeiro e abril o EID bateu US$ 11,07 bilhões entre janeiro e maio deste ano, representando uma alta de 2% frente ao mesmo período do ano passado.
Em um mundo cada vez mais velho e de mão de obra escassa, o Vietnã apresenta grandes vantagens competitivas, como uma população jovem e crescente e um PIB em firme alta. O crescimento no ano passado foi de 5% e a perspectiva do Banco Mundial é de 5,5% para este ano. O país, inclusive, tem chamado atenção de analistas do Bank of America.
O banco americano vem colocando o Vietnã como um dos mais beneficiados pelas constantes tensões comerciais entre China e Estados Unidos, com o redirecionamento de exportações de bens para uma menor cobrança de impostos. "As importações do Vietnã provenientes da China acompanham de perto as suas exportações para os EUA, sugerindo uma reorientação do comércio", avaliam os analistas do BofA.
O banco americano, inclusive, ressalta que novos fatores devem alimentar o IED no país asiático, como sua relação amigável com a China e os Estados Unidos e a possibilidade de as ações listadas no país passarem a integrar o índice de mercados emergentes da FTSE. "Isso poderá impulsionar bem os mercados de capitais, o que é um bom presságio para as perspectivas de IED nos próximos anos."
A bolsa do Vietnã está entre as mais rentáveis do ano, com retorno acumulado de 15,63%— rentabilidade próxima à registrada pelo índice Nasdaq, que vem sendo beneficiado pela tese de investimento em IA.
Uma das principais fontes de investimentos do Vietnã vem da China, especialmente para projetos de energia solar. "Dada a vantagem geográfica do Vietnã com energia solar abundante, muitas empresas chinesas apressaram-se a construir centrais de produção de eletricidade solar. Segundo dados da alfândega chinesa, o Vietnã é o país para onde a China mais exporta vidro solar", afirma o BofA. Do lado dos Estados Unidos, o país tem se beneficiado da cadeia de fornecimento de semicondutores. "Como parte da iniciativa CHIPS Act, os EUA alocarão fundos do Fundo Internacional de Segurança e Inovação (ITSI) para desenvolver e melhorar a força de trabalho e a infraestrutura do ecossistema de semicondutores no Vietnã", diz o BofA.