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"O dólar é o grande quebra-cabeça das políticas de Trump", diz Luis Otavio Leal, da G5 Partners

Economista só vê duas saídas para que planos do candidato à Casa Branca tenha sucesso: intervenção cambial ou o fim da independência do Fed, o que, segundo ele, seria uma "catástrofe"

Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners: "intervenção no Fed seria uma catástrofe não só nos EUA" (Exame/youtube/Exame)

Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners: "intervenção no Fed seria uma catástrofe não só nos EUA" (Exame/youtube/Exame)

Guilherme Guilherme
Guilherme Guilherme

Repórter de Invest

Publicado em 26 de julho de 2024 às 10h56.

Última atualização em 26 de julho de 2024 às 10h59.

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Aumento de tarifas sobre importações, deportação de imigrantes e incentivo à produção de bens internamente são algumas das propostas da campanha de Donald Trump. Mas, na avaliação de Luis Otavio Leal, economista-chefe da G5 Partners, todas essas medidas devem aumentar a inflação e o preço do dólar no mundo. Segundo Leal, em entrevista ao programa Vozes do Mercado, "o câmbio é o grande quebra-cabeça das políticas de Trump".

"As propostas fazem parte da política do 'America First'. Só que, para que essa política se complete totalmente, é preciso uma moeda desvalorizada. Não tem como estimular a produção interna e desestimular as importações com uma moeda valorizada," diz o economista.

Leal avalia que há duas possíveis saídas para esse paradoxo: "Ou vão ter que intervir nos juros, que não vão poder subir para se adequar à inflação mais alta. Aí a inflação comeria a valorização nominal do dólar. Ou vão buscar uma forma de controlar diretamente o dólar. A questão é como fariam isso. Uma coisa é controlar o câmbio no Brasil, que é um mercado local. Outra coisa é controlar o dólar, que é uma moeda internacional. Essa é mais uma dúvida do mercado e a coisa que o mercado menos gosta é de incerteza."

"Uma catástrofe não só nos EUA"

Se, na avaliação do economista, a intervenção cambial é inviável, a intervenção no Federal Reserve seria uma "catástrofe, não só para a economia americana." Nos Estados Unidos, assim como no Brasil, o mandato do presidente do banco central é desassociado do do chefe do Executivo. Trump, portanto, não poderia tirar o atual presidente do Fed, Jerome Powell, nos seus dois primeiros anos de mandato.

"Existe uma chance não desprezível de o Trump vencer com a Câmara e o Senado. O que o Lula não conseguiu fazer, de tentar acabar com a independência do Banco Central, o Trump pode conseguir."

Esse eventual cenário, avalia Leal, prejudicaria praticamente todos os ativos do mundo. "Se me perguntar como se proteger nesse cenário, seria como perguntar onde gostaria de estar em Hiroshima no dia em que caiu a bomba. Se mexer no sistema de política monetária americana, que é uma referência para o mundo, será um problema sério," diz Leal.

Trump, que já teve desavenças com Jerome Powell no passado, disse em entrevista recente à Bloomberg que o deixará terminar o mandato "caso ache que está fazendo a coisa certa." Trump também disse que não quer corte de juros antes da eleição. Mas a grande aposta do mercado é que o juro começará a cair na reunião de setembro, quase dois meses antes do pleito.

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