JP Morgan (Mike Segar/Reuters)
Para o banco americano JP Morgan (JPMC34), as empresas chinesas do setor da tecnologia "não são investíveis".
A informação foi apareceu e um relatório do JP Morgan que avaliou uma série de empresas do setor de tecnologia da China, entre as quais a gigante JD:Com.
O resultado da divulgação desse relatório foi a venda maciça de ações do setor.
Aproximadamente US$ 200 bilhões (mais de R$ um trilhão) em papéis de empresas de tecnologia chinesas, cotadas na Bolsa de Valores de Nova York e também na Bolsa de Hong Kong.
Segundo a Bloomberg, especificando o uso do termo "não investível" teria sido um engano do JP Morgan.
A equipe editorial do gigante bancário americano, responsável pela edição dos relatórios do setor de pesquisa do JP Morgan, havia solicitado que a palavra fosse retirada das 28 notas escritas pelo analista de ações de tecnologia Alex Yao e sua equipe.
"Com o gerenciamento de risco se tornando o fator mais importante a se considerar entre os investidores globais em relação à estratégia de investimento na China, em um momento em que precificam os riscos geopolíticos da China, classificamos a Internet na China como não investível por um período de 6 a 12 meses, com uma perspectiva binária sobre o preço das ações", aparece em um dos trechos.
O termo foi removido de todas as notas de rodapé (em alguns casos substituídos pela palavra "não atrativo"), com exceção de quatro.
Uma apuração interna do JP Morgan chegou à conclusão de que a publicação do termo ocorreu mesmo após uma revisão por parte de analistas e supervisores.
Todos teriam concordado que o adjetivo não era o melhor para as análises.
Entretanto, a publicação ocorreu do mesmo jeito.
O setor tecnológico chinês está sofrendo duras perdas nas últimas semanas.
Os relatórios assinados por Yao alimentaram ainda mais essa tendência de vendas.
No passado, o termo "não investível" foi utilizado pelos analistas do JP Morgan em análises de outras empresas chinesas, entre as quais:
A desconfiança em relação a economia chinesa apareceu claramente durante a mais recente apresentação pública do CEO do JP Morgan, Jamie Dimon.
Em novembro do ano passado, o executivo celebrou o seu banco declarando como o JP Morgan teria sobrevivido mais tempo do que o Partido Comunista Chinês (PCC).
Uma declaração feita no mesmo ano em que o PCC celebrava seu centenário.
A reação do governo chinês se abateu rapidamente sobre o banco.
O JP Morgan foi removido de sua posição como principal banco subscritor da oferta pública inicial (IPO, na sigla em inglês) da Kingsoft Cloud Holdings na Bolsa de Valores de Hong Kong.
A equipe de Yao tinha cortado pela metade a meta de preço das ações do grupo listado em Wall Street, como parte de um relatório que rebaixou o papel da empresa chinesa publicado em março.
O JP Morgan continua como banco parceiro do IPO, mas não detém mais a posição de coordenador dos bancos subscritores, que passou ao UBS Group AG e à China International Capital Corp.
O JP Morgan defendeu seu trabalho, salientando como "poucos substantivos utilizados de forma intercambiável não mudam a substância da pesquisa".