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“Não podemos matar o parcelado sem juros, tão valioso para o brasileiro”, diz CFO do Banco do Brasil

Defesa de Geovanne Tobias, vai na contramão do discurso dos grandes bancos privados

Felipe Prince, CRO do Banco do Brasil (à esquerda) e Geovanne Tobias, CFO (à direita) em coletiva sobre os resultados do BB (Laila Goulart/ BB/Divulgação)

Felipe Prince, CRO do Banco do Brasil (à esquerda) e Geovanne Tobias, CFO (à direita) em coletiva sobre os resultados do BB (Laila Goulart/ BB/Divulgação)

Beatriz Quesada
Beatriz Quesada

Repórter de Invest

Publicado em 9 de novembro de 2023 às 11h00.

Última atualização em 10 de novembro de 2023 às 13h46.

Na contramão do que vem sendo defendido pelos bancos privados, o CFO do Banco do Brasil é a favor do pagamento parcelado sem juros no cartão de crédito. 

“Não podemos matar esse instrumento tão valioso na vida das pessoas, usado de forma corriqueira pelos brasileiros, por essa discussão”, afirmou Geovanne Tobias, vice-presidente de gestão financeira e RI do BB, em coletiva com jornalistas nesta quinta-feira, 11.

O parcelado sem juros entrou nos holofotes em meio à discussão para reduzir a cobrança do rotativo nos juros do cartão de crédito. De um lado, os grandes bancos defendem que o parcelado sem juros é uma das causas que levam aos juros altos do rotativo e à alta inadimplência nessa modalidade de crédito. Do outro, as varejistas argumentam que dependem do parcelado sem juros para vender seus produtos. 

Tobias posicionou o BB do lado contrário aos pares do setor. Na véspera, o CEO do Itaú, Milton Maluhy Filho, afirmou que a modalidade "é um grande impulsionador da inadimplência" no médio prazo

O assunto tem sido debatido pelo Banco Central com empresas de maquininhas de cartão, bancos, fintechs e varejistas. Na primeira reunião entre as partes, o presidente do BC propôs limitar as compras no cartão em 12 parcelas sem juros. Já no segundo encontro, realizado esta semana, todos se posicionaram contra limitar o parcelado sem juros, com exceção dos grandes bancos privados. 

O fim da modalidade coloca a responsabilidade da inadimplência nas costas do cliente, segundo o Banco do Brasil. Para o CFO do BB, nem mesmo limitações ao parcelado sem juros seriam bem-vindas. “Seria muito ruim termos regras excluindo isso ou aquilo. Vai atrapalhar a vida do brasileiro e impactar a cadeia de valor como um todo”, disse. 

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As declarações foram dadas na coletiva para comentar os resultados da estatal no terceiro trimestre. Banco do Brasil (BBAS3) apresentou um lucro líquido ajustado de R$ 8,78 bilhões no terceiro trimestre de 2023, crescimento de 4,5% em base anual. Frente ao trimestre passado, o indicador subiu apenas 0,7%. 

O resultado ficou abaixo das expectativas dos analistas, que esperavam um número nos mesmos patamares que o Itaú, na casa dos R$ 9 bilhões. O BB destacou que teria alcançado o resultado não fosse o aumento da provisões para um cliente específico do segmento large corporate que entrou em recuperação judicial em janeiro – trata-se da Americanas, que não é citada nominalmente por nenhum banco credor. 

"Se não fosse por um reforço de provisão de cliente específico, o lucro líquido teria sido em torno de R$ 9 bilhões", destacou Tobias. As provisões para devedores duvidosos (PDD), que somaram R$ 7,516 bilhões no segundo trimestre – crescimento de 66,4% em base anual. Ante o primeiro trimestre, o volume alocado para PDD aumentou 4,7%.

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