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Na crise da Nike, CEO vê caminho para recuperação — mas ela vai doer no curto prazo 


Ações caem 7% com recuo de dois dígitos na venda, expectativa de pressão de margens e impacto das tarifas de Trump

Nike: com estoques estáveis em US$ 7,5 bilhões, empresa ainda enfrenta dificuldades para retomar crescimento na China, um dos principais mercados da marca (Cheng Xin/Getty Images)

Nike: com estoques estáveis em US$ 7,5 bilhões, empresa ainda enfrenta dificuldades para retomar crescimento na China, um dos principais mercados da marca (Cheng Xin/Getty Images)

Publicado em 21 de março de 2025 às 10h38.

Mergulhada numa crise de identidade que tem se traduzido em vendas fracas frente a concorrência, as ações da Nike (NKE) caem mais de 7% no pré-mercado nesta sexta-feira, 21.

A gigante do varejo esportivo divulgou resultados mistos para o terceiro trimestre fiscal e um prognóstico de queda nas vendas para o próximo período.

No after-market de ontem, as ações chegaram a subir cerca de 2%, refletindo um alívio imediato após o balanço financeiro superar as expectativas.

No entanto, o desempenho nesta manhã indicou que o mercado está apreensivo, ao digerir as projeções de queda e os desafios futuros enfrentados pela empresa.

Ainda que tenha superado as projeções do mercado, a Nike registrou uma queda significativa nas margens. A companhia reportou vendas de US$ 11,27 bilhões, um valor melhor do que a expectativa de uma retração de 11,5%, para US$ 11,01 bilhões.

No entanto, o número ainda ficou abaixo dos US$ 12,43 bilhões registrados no mesmo período do ano anterior.

O lucro por ação foi de 54 centavos, superando a estimativa de 29 centavos.

O prognóstico da companhia para o quarto trimestre fiscal gerou novas preocupações.

A empresa prevê uma queda nas receitas e alertou sobre o impacto significativo das tarifas de importação do governo Trump no negócio, especialmente a taxa de 20% sobre os produtos vindos da China.

Matthew Friend, CFO da Nike, destacou também a incerteza causada por fatores externos, como flutuações nas taxas de câmbio e mudanças nas regras fiscais, que podem afetar ainda mais os custos.

Além disso, a Nike enfrenta o desafio de reconstruir relações com varejistas, enfraquecidas pela sua estratégia de vendas diretas ao consumidor, por meio de suas lojas e website.

A companhia também lida com estoques antigos e uma falta de inovação em suas linhas de produtos, o que pode prolongar o processo de recuperação.

Friend afirmou que a Nike levará "vários trimestres" para vender os estoques ultrapassados, o que envolverá uma série de descontos que impactarão as margens.

O novo CEO, Elliott Hill, que assumiu o cargo em outubro de 2024, implementou a estratégia "Win Now", focando na expansão da marca em cidades chave, como Xangai e Pequim, para reverter a queda nas vendas e recuperar participação de mercado. Hill também acelerou o lançamento de modelos de tênis premium para impulsionar as vendas no terceiro trimestre.

No entanto, analistas acreditam que ainda é cedo para confiar em uma recuperação do negócio. O banco Barclays, por exemplo, prevê que a recuperação só será visível a partir do segundo semestre do ano fiscal de 2026.

Enquanto isso, as ações da Nike caíram cerca de 11% desde a nomeação de Hill como CEO, apagando os ganhos que ocorreram após o anúncio de sua contratação em setembro.

A companhia negocia próxima das mínimas em cinco anos.

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