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Minério cai 40% desde maio e ameaça mais volatilidade

A atenção agora se volta para um cenário incerto sobre o consumo, o que reforça a perspectiva de oscilações mais fortes e de curto prazo

Carregamento de minério de ferro em Duisburg, na Alemanha: preço da commodity sustenta as cotações de mineradoras como a Vale (Krisztian Bocsi/Bloomberg)
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Bloomberg

Publicado em 20 de agosto de 2021 às 12h35.

Última atualização em 20 de agosto de 2021 às 15h48.

(Bloomberg) –O forte colapso das cotações do minério de ferro pressagia mais volatilidade em meio ao cenário de uma política complexa na China e recuperação desigual da demanda global.

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Antes uma das commodities mais procuradas no boom de matérias-primas este ano, o minério de ferro rapidamente se tornou uma das mais voláteis. As perdas de cinco semanas nos contratos futuros e a queda de 14% no mercado à vista na quinta-feira levaram a uma baixa de 40% desde o recorde de maio, sob o impacto das medidas da China para controlar a produção de aço e reduzir a poluição.

A atenção agora se volta para um cenário incerto sobre o consumo, o que reforça a perspectiva de oscilações mais fortes e de curto prazo. A demanda da China dá sinais de desaceleração, embora com crescentes expectativas de que as autoridades possam recorrer à infraestrutura para ajudar a sustentar a economia. E o aumento dos casos de Covid-19 pesa sobre o crescimento em muitos países.

Minério de ferro caminha para maior sequência de quedas desde 2017 (Bloomberg)

O minério à vista de referência, com teor de 62% de ferro, despencou 14% na quinta-feira, a maior queda já registrada. Os futuros em Singapura subiram 5,9%, para US$ 138,30 a tonelada na sexta-feira, após a queda de 12% na sessão anterior, mas permanecem perto do menor nível desde dezembro.

“Estamos extremamente otimistas em relação a esses níveis, dada a expectativa de recuperação da demanda por aço quando a China superar o atual surto de Covid”, disse Atilla Widnell, diretor-gerente da Navigate Commodities. “Vemos um forte suporte para o minério de ferro a US$ 140 a tonelada e, na verdade, parece incrivelmente sobrevendido.”

O mercado tem sido afetado por políticas às vezes conflitantes da China. Autoridades recorreram ao estímulo para recuperar a economia, o que impulsionou a demanda por commodities essenciais para infraestrutura e mercado imobiliário. Ao mesmo tempo, buscaram cortar a produção de aço, e expectativas de restrições levaram usinas a concentrar a produção no primeiro semestre.

Isso levou rapidamente o minério de ferro e o aço a níveis recordes, e pressões inflacionárias resultaram em controles sobre a especulação com commodities, crédito mais restrito e cortes dos gastos em construção.

Observadores do mercado agora tentam medir até que ponto esse consumo mais baixo se reflete nos preços. O Morgan Stanley disse que o minério de ferro pode cair ainda mais devido à fraca demanda de aço da China, enquanto Tomas Gutierrez, analista da Kallanish Commodities, acredita que o minério está perto de um piso e um segundo semestre fraco está precificado.

Desaceleração

Ainda assim, o crescimento irregular pode sustentar a demanda por minério de ferro além do segundo semestre, se forem necessárias medidas para impulsionar a economia. A economia da China se desacelerou mais do que o esperado em julho, uma vez que os surtos causados pela variante delta trouxeram novos riscos à recuperação e aumentaram o otimismo de que o país possa recorrer a mais estímulos monetários e fiscais para evitar um desaquecimento mais acentuado.

“A demanda por aço vai se enfraquecer no segundo semestre, juntamente com uma desaceleração do setor imobiliário, mas é improvável que haja uma grande queda, já que o país se comprometeu a aumentar o investimento em infraestrutura para compensar os possíveis riscos econômicos”, disse Xu Xiangchun, que cobre o setor há mais de 30 anos e é diretor de informações da consultoria Mysteel Global.

Também há restrições de oferta de longo prazo que devem apoiar o minério de ferro. A Vale busca recuperar a produção desde o desastre da barragem de Brumadinho há mais de dois anos, enquanto a gigante australiana Rio Tinto disse que tem sido difícil acompanhar a demanda.

“Os preços agora caíram para um nível sustentável”, disse Rohan Kendall, chefe de pesquisa de minério de ferro da Wood Mackenzie. “O mercado de minério de ferro permanece suscetível a interrupções de oferta, e aumentos de curto prazo no preço do minério de ferro são prováveis.”

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