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Mercado vê “duas bolsas” dentro do Ibovespa

Setores com intervenção do governo sofrem muito mais que os demais


	 “O Ibovespa não é o Brasil”, afirma fundo de Luis Stuhlberger
 (Germano Lüders/EXAME.com)

 “O Ibovespa não é o Brasil”, afirma fundo de Luis Stuhlberger (Germano Lüders/EXAME.com)

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Da Redação

Publicado em 11 de dezembro de 2012 às 16h31.

São Paulo – “O Ibovespa não é o Brasil”. A frase de Luis Stuhlberger, gestor do Fundo Multimercado Verde do Credit Suisse Hedging Griffo (CSHG), resume uma visão já muito aceita no mercado de que o principal índice de ações da bolsa brasileira está muito ligado ao setor de commodities.

Mas, em 2012, o Ibovespa passou a ser questionado por mais um motivo.

Visto nos meios financeiros como o George Soros brasileiro, Stuhlberger ressalta em seu último relatório de gestão de novembro que o índice tem agora “duas bolsas”. “Existem duas bolsas de valores: os setores sujeitos às intervenções governamentais e os demais setores”, destaca em sua análise.

Segundo ele, a relação entre o preço e o lucro entre os dois setores são "chocantemente diferentes". Em maio, o gestor lançou mão do termo "Bull Market in Politics" em uma avaliação de que as medidas do governo são a marca de uma nova era no mercado financeiro. “Via de regra, períodos de bull market in politics se caracterizam por uma maior intervenção do Estado na vida das pessoas", disse à época.

Ele separa algumas ações com peso relevante no índice para defender a sua visão:

Nome Preço R$ Máxima corrigida pelo CDI % Data da máxima Mínima corrigida pelo CDI % Data da mínima
Ambev PN 88,5 99,9 30/nov/12 6,6 10/mar/95
Natura ON 56,56 98,3 09/out/12 24 25/mai/04
Lojas Renner ON 78,15 98,1 29/nov/12 17,2 01/jul/05
CCR ON 18,36 95,8 15/ago/12 4 25/out/02
BRFoods ON 38,8 94,4 29/mai/08 10,5 27/fev/03
Localiza ON 35,55 93,3 17/set/12 18,7 12/nov/08
Multiplan ON 59 92,6 18/out/12 18,2 21/nov/08
Ultrapar ON 44 88,3 31/jul/12 17,7 22/out/01
IBOVESPA 57,474 38,8 10/jul/97 20,6 16/out/02
Ações que, na média, perderam 85% do valor máximo
PDG Realty ON 3,01 22,7 14/out/10 18,8 21/nov/08
Petrobras ON 19,1 22,1 21/mai/08 2,8 14/jan/99
Banco do Brasil ON 21,91 20,3 23/ago/94 4,9 30/set/02
CSN ON 10,49 19,2 19/mai/08 1,7 17/set/98
OGX ON 4,34 15,1 14/out/10 12,8 12/nov/08
Eletrobras PNB 9,65 6,5 14/set/94 4,8 22/nov/12
* Dados de 04/jul/1994 até 30/nov/2012 Fonte: Economática, CSHG. Atualizado até 30/nov/2012

Segundo Stuhlberger, as ações do grupo de baixo são as que sofrem com os problemas de investimentos de longo prazo, as estatais, e as sujeitas às intervenções do governo.

"Estão indo muito mal. Na média, essas ações perderam 85% do seu valor máximo corrigido pelo CDI", ressalta. Ele avisa: "se o câmbio e os juros para 2013 podem parecer meio monótonos, o mercado acionário vai ter grandes emoções: apertem os cintos!", diz.

MSCI

Carlos Constantini, do Itaú BBA, também compartilha da visão e calcula que o índice MSCI Brasil, por exemplo, tem 74% composto por setores regulados ou dependentes da China. “Os demais setores já negociam a prêmio sobre outros mercados na região”, afirmou durante uma apresentação realizada com jornalistas na semana passada. Produzido pelo Morgan Stanley, o MSCI é um dos mais acompanhados pelos investidores estrangeiros.

De acordo com ele, as ações que estão nos setores regulados ou expostos à China (Financeiro, Energia, Materiais, Serviços Públicos e Telecomunicações) negociam, na média, a 8,7 vezes o preço sobre o lucro esperado para 2013.

Enquanto isso, as ações ligadas ao consumidor provado ou a estímulos do governo (Consumo Discricionário, Indústria, Consumo Básico, TI e Saúde) já negociam a 17,4 vezes o preço sobre o lucro para 2013.

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