Invest

Mercado de opções mostra ceticismo com valorização do real

A forte demanda por hedge sugere que os traders estão com medo de uma reversão repentina nos fluxos de dólares

Real: gestores vêm investindo em ativos brasileiros atraídos por uma taxa de juros de 13,25% e um mercado muito líquido (Priscila Zambotto/Getty Images)

Real: gestores vêm investindo em ativos brasileiros atraídos por uma taxa de juros de 13,25% e um mercado muito líquido (Priscila Zambotto/Getty Images)

B

Bloomberg

Publicado em 24 de maio de 2022 às 10h20.

Os operadores de câmbio mantém seus hedges mesmo com a valorização da moeda brasileira.

O custo de proteção contra uma desvalorização do real por meio de opções continua sendo um dos mais altos do mundo, mesmo com a moeda se recuperando de uma forte liquidação em abril. As volatilidades implícitas de um e três meses saltaram em maio e têm oscilado em torno de uma máxima de 16 meses na última semana, apesar da valorização de cerca de 5% do real nesse período.

A forte demanda por hedge sugere que os traders estão com medo de uma reversão repentina nos fluxos de dólares que alimentaram os ganhos recentes. Gestores vêm investindo em ativos brasileiros atraídos por uma taxa de juros de 13,25% e um mercado muito líquido, mas o preço das opções sugere que eles não estão confiantes o suficiente para manter seus investimentos sem uma porta de saída.

É um cenário diferente do observado nos primeiros meses do ano, quando a queda vertiginosa do dólar no mercado de câmbio brasileiro foi acompanhada por custos de hedge mais baratos e estáveis. Naquele momento, os investidores pareciam mais confiantes nas perspectivas de longo prazo para os ativos locais, apostando que o aumento dos preços das commodities impulsionaria os termos de comércio do país, enquanto o aumento das taxas de juros tornaria o carry mais atraente.

Desde então, os investidores ficaram mais céticos, pois os preços de matérias-primas se estabilizaram, o Banco Central aproxima-se do fim de seu ciclo de aperto monetário e o Federal Reserve aumenta juros de forma mais agressiva. Os estrangeiros sacaram quase um terço dos US$ 14 bilhões que adicionaram às ações brasileiras no primeiro trimestre, segundo dados da B3.

O ceticismo dos investidores é claro quando se compara os custos de hedge com outras moedas de países em desenvolvimento. A volatilidade implícita de três meses do real é atualmente a mais alta entre as moedas com livre negociação, superando as do forint húngaro e do rand sul-africano, que têm os piores desempenhos neste trimestre.

A desconfiança incentiva os traders a manter uma posição comprada nas opções de dólar contra o real brasileiro, especialmente aquelas com preços de exercício altos que oferecem proteção contra uma reversão repentina de tendência. Isso é particularmente útil em um momento em que o real geralmente muda de fortes ganhos para perdas acentuadas em questão de dias.

Acompanhe tudo sobre:Bloombergbolsas-de-valoresCâmbioDólarFundos hedgeMercado financeiroReal

Mais de Invest

Dólar fecha em queda de 0,84% a R$ 6,0721 com atuação do BC e pacote fiscal

Alavancagem financeira: 3 pontos que o investidor precisa saber

Boletim Focus: o que é e como ler o relatório com as previsões do mercado

Entenda como funcionam os leilões do Banco Central no mercado de câmbio