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MELHORES E MAIORES 50 anos: AES, mais premiada de energia, se prepara para um mundo em transformação

Companhia chegou no Brasil há 24 anos e se prepara para um futuro cada vez mais verde — e aberto

 (Antonio Milena/Divulgação)

(Antonio Milena/Divulgação)

Da Redação
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Redação Exame

Publicado em 15 de agosto de 2023 às 19h59.

Última atualização em 22 de agosto de 2023 às 10h36.

A história da AES Brasil é tão cheia de transformações quanto o setor de energia em que está inserida. A subsidiária local da AES Corporation inaugurou suas atividades no Brasil há 24 anos, como um reflexo direto da Lei das Concessões, sancionada na gestão de Fernando Henrique Cardoso para impulsionar privatizações no setor de infraestrutura. A entrada do grupo americano se deu a partir da compra da Companhia de Geração de Energia Elétrica Tietê, que pertencia ao governo do estado de São Paulo, dentro da Companhia Energética de São Paulo (Cesp) e contava com 12 hidrelétricas. Da cisão, surgiu a AES Tietê, listada na bolsa brasileira ainda nos anos 2000. Não demorou para que a companhia aparecesse pela primeira vez em MELHORES E MAIORES, da EXAME: a primeira menção veio em 2005. Hoje, a companhia opera sob outro nome, AES Brasil, e acumula quatro premiações.

A companhia é a recordista de seu setor em premiações anuais e, por isso, é a campeã histórica do setor de energia elétrica nos 50 anos de MELHORES E MAIORES. A companhia levou o prêmio, além de 2005, em 2006, 2008 e 2009.

De lá para cá, a empresa já passou por diferentes reorganizações societárias: fez parte de uma holding criada pelo grupo como parte de um plano para quitar dívidas com o BNDES —  chamada Brasiliana Participações — depois saiu desse guarda-chuva para se tornar uma empresa listada de forma independente, subindo gradativamente os degraus de governança. Em 2020, a companhia chegou a ser alvo de uma incorporação pela Eneva, que não foi para frente e, no fim, resultou na ampliação da participação do grupo americano no negócio. No ano seguinte, para refletir essas mudanças, a empresa mudou de nome e passou a se chamar AES Brasil.

No meio de todas essas mudanças societárias pelas quais passou, a companhia conservou o apetite por investimento em energia renovável no país. Desde quando chegou, até hoje, a AES Brasil opera com produção 100% renovável. Se antes eram só hidrelétricas, hoje a empresa reúne um portfólio diversificado, com capacidade instalada de 4,2 GW em operação e mais 1 GW em construção, que virá a partir de dois projetos de geração eólica: Tucano e Cajuína.

Para chegar até o patamar em que está, a companhia investiu ao longo da última década em aumentar a presença nacional: de 2010 para cá, construiu as Pequenas Centrais Hidrelétricas São Joaquim e São José, no Rio Jaguari-Mirim, bem o Complexo Eólico Alto Sertão II, localizado na Bahia. Além disso, concluiu a compra do Complexo Solar do Guaimbê, primeira usina de geração fotovoltaica de grande porte do estado de São Paulo, e terminou de construir o Complexo Solar Ouroeste. 

Os investimentos 'da porta para dentro' encontraram, também, um ambiente de setor que muda cada vez mais, de olho na abertura de mercado. “É uma empresa totalmente diferente do que era há cinco, seis anos. Sempre fomos 100% renováveis, hoje uma prioridade global. Em 2015, começamos a nos posicionar para trabalhar no mercado livre de energia. A gente já via isso como tendência, por fazermos parte de um grupo global. Também inovamos em autoprodução, com um contrato pioneiro com a Unipar e a principal modalidade que cresce hoje no país”, diz Rogério Jorge, CEO da AES Brasil, à EXAME.

Dados compilados pelo Boletim InfoMercado da Câmara de Comercialização de Energia Elétrica (CCEE) apontam que o volume de energia comercializada por autoprodutores em janeiro deste ano aumentou 20% em relação ao mesmo período do ano passado, para 2.915 MW médios. A energia chega a ser quase 70% mais barata do que no mercado cativo, segundo dados da Associação Brasileira das Comercializadoras de Energia Elétrica (Abraceel).

Além da busca por mais contratos nos próximos anos, a companhia — que trocou de CEO e CFO recentemente — destaca ainda outros dois aspectos que devem prender sua atenção ao longo dos próximos anos. Um deles é a melhoria dos produtos e projetos existentes. Olhando para um horizonte um pouco mais longo, mas com trabalhos que começam desde já, a AES Brasil também quer entrar no mercado de crédito de carbono e estuda a viabilidade do hidrogênio verde. O Brasil pode atrair, ao todo, US$ 27 bilhões em investimento nesse combustível, de acordo com um levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

“Em resumo, 70% a 80% de todas as metas de descarbonização do planeta passam por energia renovável. É um setor que tem uma demanda gigante por profissional e tem pouca gente preparada. Há uma oportunidade gigante”, diz o CEO. A companhia também mira uma colaboração maior entre países para aproveitar esse bom momento. Recentemente, a companhia fechou uma parceria para acelerar a disponibilidade de energia solar e torná-la mais acessível no país e, junto com o Chile, lançou um reservatório virtual, instalação de armazenamento de energia inédita. 

Além do foco no meio ambiente, a AES Brasil também quer ser reconhecida cada vez mais pela preocupação com as pessoas. A companhia, que trocou de CEO e CFO recentemente, preza por uma governança de qualidade, nas palavras do CEO, de olho em aumentar o padrão alto já conquistado também em outros temas como diversidade e inclusão.

Hoje, a companhia é a única Triple A em ESG no setor de energia na América Latina segundo o ranking MSCI, feito pelo banco de investimento Morgan Stanley. “Nos nossos dois parques eólicos, Tucano e Cajuína, estamos formando mulheres para operar 100% das plantas. Temos uma história enorme para contar nesse sentido, com repovoamento de reservatórios com peixes em extinção, reflorestamento e muito mais”, diz o CEO. 

Todas essas iniciativas trazem um caminho claro para a AES avançar. Nos primeiros seis meses de 2023, a companhia teve receita líquida de R$ 1,5 bilhão, 19,4% maior do que a registrada no mesmo período do ano passado. Com a redução dos custos com energia no período, o Ebitda ficou 38,1% maior, para R$ 745,8 milhões. E o lucro líquido, no período, subiu 20%, para R$ 96,3 milhões. Nada melhor para chegar ao futuro que um presente com resultados consistentes.

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