Mark Mobius esteve no escritório da EXAME em São Paulo e compartilhou experiências sobre investimentos (Gunther Werk/Exame)
Repórter de ESG
Publicado em 6 de março de 2023 às 09h38.
O investidor alemão-americano, Mark Mobius, considerado o guru dos mercados emergentes, compartilhou dicas para investimentos de sucesso, os casos de falhas e até seus interesses pessoais no tempo livre em uma visita aos estúdios da EXAME, São Paulo, para a gravação do podcast Clube EXAME Invest desta semana.
Ele é gestor da Mobius Capital Partners LLP, que gere cerca de US$ 300 bilhões, e tem décadas de trajetória e análise de mercados emergentes. O podcast de investimentos foi ancorado por Daniel Cunha, sales do BTG Pactual (do mesmo grupo que controla a EXAME), e Fabiana Arana, Latam Equity Research Sales no BTG Pactual.
No início da conversa, Mobius relembrou o início de sua trajetória em seis países: Filipinas, Singapura, Malásia, Tailândia, México e Hong Kong. Fazia dois anos que o gestor não visitava o Brasil. Nos bastidores, lamentou não ter chegado para o Carnaval.
Na entrevista, Mobius falou de sua saída da Franklin Templeton há quatro anos. "Busquei focar em companhias dos mercados emergentes que não estavam em index", afirma. Ele explicou que mesmo quando o mercado emergente, de modo geral, não vai tão bem, há muitos países que têm bom desempenho. "A China representa 30% do index, e se ela cai, parece que nada vai bem, mas Índia e Taiwan podem estar fazendo um bom trabalho".
Em relação ao Brasil, a expectativa é otimista. "Apesar dos problemas macroeconômicos globais, o Brasil tem uma certa distância disto. Outro ponto é que o presidente Lula foi eleito três vezes, sempre houve uma desconfiança sobre o que aconteceria na economia e ele foi bem. O Brasil é uma democracia e as mudanças nesse cenário não são tão rápidas. E os brasileiros sabem o que é lidar com alta inflação e outros desafios. Há muitas companhias aqui com baixo débito e alto retorno de capital, isto é um bom sinal".
Para Mobius, uma das preocupações para os investidores é o controle do governo sobre as companhias. "Quando há o controle a inovação cai. No fim do dia, a sociedade precisa criar boas e inovadoras companhias, algo que o Brasil sabe fazer". Outra ponto que julga relevante é considerar que o país não terá a melhor performance por tantos anos seguidos. "É preciso olhar globalmente e diversificar os investimentos".
Uma das oportunidades para conhecer melhor as empresa é visitá-las. "Quando comecei, não havia tantas informações disponíveis online como hoje. Ainda assim, nada substitui a conversa presencial para conhecer os administradores e donos do negócio".
Mesmo deste modo, é possível cometer erros. "No Brasil, investimentos na Mesbla, conhecemos o CFO que nos fez acreditar que não havia problemas, e erramos. Por outro lado, estive com executivos da Americanas e, quando algo não me deixou confortável sobre eles, mesmo não sabendo o que era, resolvemos parar o negócio. Investir, muitas vezes, é sobre evitar perdas".
Na conversa, Mobius apresentou outros exemplos de como agir em momentos de inflação, da percepção em relação ao impacto que os governos têm nas empresas e mercados, além de seus interesses, como em companhias de tecnologia, cosméticos e saúde. "Há um número relevante de companhias no Brasil que nos interessa, mas ainda não vou contar quais são", brincou.
Como tradição do Clube, o convidado compartilhou o que gosta de fazer no tempo livre. "Gosto de pedalar, na rua ou em ambientes internos. No Rio de Janeiro, por exemplo, pedalei em Copacabana e Ipanema. Também já pedalei nas ruas de São Paulo". Por já conhecer o carinho de Mobius pelo Rio de Janeiro, Daniel Cunha, host do podcast, o presenteou com uma camisa personalizada do Flamengo.
Assista a entrevista completa no Youtube da Exame ou escute nas plataformas de áudio.
Acompanhe também, no canal da Exame Invest, os episódios anteriores do Clube, que já recebeu convidados como Louis-Vincent Gave, CEO e sócio-fundador da Gavekal, Luis Carillo, gestor da J.P. Morgan & Co., Duda Rocha, sócio-fundador e CEO da Occam Brasil, e Fabio Kanczuk, Head de Macroeconomia da ASA Investments.