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Leilão de dólar à vista pelo BC, inflação dos EUA e contas públicas: o que move o mercado

É a primeira vez em mais de dois anos que o Banco Central (BC) realiza um leilão de venda de dólares à vista. Movimento, na prática, é uma intervenção na taxa de câmbio

Radar: mercado acompanha intervenção do BC na taxa de câmbio através de leilão de dólar à vista (Nestea06/Envato/Divulgação)

Radar: mercado acompanha intervenção do BC na taxa de câmbio através de leilão de dólar à vista (Nestea06/Envato/Divulgação)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 30 de agosto de 2024 às 08h56.

Última atualização em 30 de agosto de 2024 às 08h58.

Os mercados internacionais operam com otimismo na manhã desta sexta-feira, 30. Nos Estados Unidos, os índices futuros sobem à espera de novos dados da inflação, depois que dados sobre a atividade econômica e o mercado de trabalho divulgados no dia anterior afastaram ainda mais o temor de recessão por lá.

Na Europa, as bolsas ampliaram os ganhos após O Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês) da zona do euro subiu ao ritmo anual mais lento em três anos em agosto. O dado mostrou que há uma desaceleração da inflação na região, o que colabora com a tese de que o Banco Central Europeu (BCE) pode realizar mais cortes nas taxas de juros.

Também na Ásia, as bolsas fecharam em alta hoje, em meio à renovada esperança por medidas de estímulo ao debilitado mercado imobiliário da China.

Leilão de dólar à vista

Pela primeira vez em mais de dois anos, o Banco Central (BC) realiza um leilão de venda de dólares à vista nesta sexta-feira. O leilão ocorre entre 9h30 e 9h35 e venderá, no máximo, US$ 1,5 bilhão. Na última venda, em abril de 2022, foram vendidos US$ 571 milhões.

O movimento, na prática, é uma intervenção na taxa de câmbio e visa conter o aumento do valor da moeda americana. Desde o começo do ano até o fechamento desta quinta-feira, 29, a moeda já valorizou quase 15,9%, impactada por incertezas fiscais e monetárias que pairavam sobre o mercado brasileiro.

Mas ontem a moeda voltou a romper o patamar dos R$ 5,60 puxada pelo exterior. Um dos fatores que colaborou para isso foi a divulgação de novos dados dos Estados Unidos, que mostraram que a economia americana está mais robusta do que parece. Com isso, o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) pode adotar uma postura mais cautelosa na reunião de setembro, o que impulsionou a moeda americana para cima, prejudicando o real.

Mas mais do que uma intervenção para conter a alta do câmbio, a venda tem um aspecto mais técnico, apontam participantes do mercado. Há uma saída de dólares relevante contratada para amanhã por conta do ajuste de carteira do índice MSCI Brazil, que passou a incorporar papéis de empresas brasileiras listadas fora do país — caso de Nubank, Inter, PagBank, XP e Stone, por exemplo.

Um detalhe é que o leilão ocorre no dia do fechamento da taxa Ptax, taxa de referência entre o real e o dólar comercial que é utilizada na formação de contratos derivativos, cálculos de importação e exportação e diversas operações financeiras que envolvem transações estrangeiras.

Inflação dos EUA

Para fechar a semana, os EUA divulgam o Índice de Preço de Consumo Pessoal (PCE, na sigla em inglês) de julho, métrica preferida do Fed para olhar a inflação. O consenso LSEG prevê alta mensal de 0,05% para os gastos mensais e 0,02% para o rendimento pessoal.

O indicador pode recalibrar as apostas para a magnitude do corte de juros nos Estados Unidos. Às 8h30, a plataforma FedWatch, do CME Group, mostra que 67,5% do mercado aposta em uma redução de 25 pontos-base, enquanto 32,5% acredita que o Fed será mais agressivo e cortará 50 pontos-base.

Além do PCE, divulgado às 9h30, também haverá a publicação do Índice de Gerentes de Compras (PMIs) americano de agosto, às 10h45, além do sentimento do consumidor e das expectativas de inflação apurados pela Universidade de Michigan, às 11h.

Envio da PLOA, contas públicas e Pnad Contínua

O Ministério do Planejamento e Orçamento informou ontem à noite que deve enviar até a noite desta sexta-feira o Projeto de Lei Orçamentária Anual (PLOA) de 2025 ao Congresso.

O PLOA detalha as despesas e as receitas para o próximo ano e o mercado estará atento aos números para avaliar se o resultado primário projetado pelo governo é compatível com a meta de zerar o déficit público no próximo ano.

Antes, o Banco Central divulgou o resultado do setor público consolidado de julho, que apontou um déficit primário de R$ 21,3 bilhões em julho, volume maior do que as expectativas esperavam de R$ 6,70 bilhões -- em junho, o saldo negativo foi de R$ 40,873 bilhões.

Na sequência, há a divulgação da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílio Contínua (Pnad Contínua), às 9h. As estimativas apontam para uma queda na taxa de desemprego a 6,8% no trimestre até julho.

De olho na agenda das autoridades, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, participa de eventos hoje às 11h e 15h30, enquanto o ministro da Fazenda, Fernando Haddad participa de dois eventos às 14h e 18h.

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