Ramon Alcaraz, presidente da JSL (JSL/Divulgação)
Guilherme Guilherme
Publicado em 10 de agosto de 2021 às 06h03.
Última atualização em 10 de agosto de 2021 às 12h44.
A JSL (JSLG3) teve lucro líquido de 93,1 milhões de reais no segundo trimestre deste ano, o maior de toda sua história. O lucro líquido ajustado, que desconsidera o ressarcimento do PIS/Cofins do ICMS, ficou em 44,8 milhões de reais contra o prejuízo de 16,3 milhões de reais registrado no mesmo período do ano passado.
“Ficamos bastante satisfeitos com o resultado, a tendência é que o terceiro e quarto trimestre sejam ainda melhores. O segundo trimestre costuma ser o pior do ano por ser uma espécie de 'entressafra' do negócio”, afirma Ramon Alcaraz, presidente da JSL, em entrevista à Exame Invest.
No período, a receita líquida com serviços ficou em 902,5 milhões de reais, 58,6% acima do apresentado no segundo trimestre de 2020 e 5,8% em relação ao trimestre anterior.
A receita líquida total, que também considera as vendas de ativos, foi de 922,4 milhões de reais. Com cinco aquisições feitas nos últimos 12 meses, a expectativa é de que esse número cresça de forma acelerada nos próximos trimestres. “Nossa receita bruta [de um ano] vai passar de 3,4 bilhões para 5,2 bilhões de reais”, ressalta Alcaraz.
Segundo o presidente da JSL, os principais ganhos de sinergia estão no cross-selling. “Do ponto de vista estrutural, não temos a intenção de pôr a empresa para dentro e ganhar em backoffice. Deixar elas fazerem o que já faziam bem é melhor do que um imediato nessa estrutura.”
Das três últimas aquisições da JSL, somente duas entraram, ainda que parcialmente, no resultado do segundo trimestre. Os números da Marvel, a última a ser adquirida, só serão contados a partir de 30 de junho.
Por outro lado, a alta da inflação tem pressionado os custos da companhia. Na linha Asset Heavy, as despesas com combustíveis e lubrificantes chegaram a disparar 30% em relação ao primeiro trimestre do ano. “Somente neste ano, o aumento da nossa base de insumos passou de 15%. Não via algo assim há muitos anos, é bastante preocupante”, diz Alcaraz.
Para equilibrar a situação, conta o executivo, a JSL tem buscado reduzir custos. “Essa tem sido uma busca incansável.” Paralelamente, a empresa tem negociado o repasse a clientes. “[A inflação] está tão perceptível que os clientes estão bastante abertos à negociação. No geral, temos conseguido bons resultados sem estressar a relação.”
Para otimizar ainda mais os gastos, a JSL planeja lançar em breve um aplicativo que aumenta a eficiência das rotas de entrega. “Ele vai unir a JSL, nossos clientes e uma rede de quase 60.000 caminhoneiros autônomos", explica Alcaraz.
A ideia por trás do aplicativo é reduzir ao máximo o tempo em que o caminhoneiro roda com a carga vazia. “A expectativa sobre o projeto é grande, porque o Brasil é muito grande e os fluxos não são regulares, então tem muita rota ociosa. Queremos que nossos clientes detectem as viagens para que, quando o caminhoneiro chegar a um determinado local, já tenha a carga de retorno”, diz o presidente da JSL.
Com a iniciativa, Alcaraz espera atrair ainda mais caminhoneiros para sua base, reduzindo prazos de entregas. A versão de testes, segundo ele, já está pronta para ser disponibilizada.