Radar: mercado acompanha votação da regulamentação da Reforma Tributária (Lula Marques/Agência Brasil)
Repórter de finanças
Publicado em 10 de julho de 2024 às 08h40.
Última atualização em 10 de julho de 2024 às 08h41.
Os mercados internacionais operam mistos nesta quarta-feira, 10. Nos Estados Unidos, após fechar novamente em recordes históricos, os índices futuros sobem. Na Europa, as bolsas ensaiam recuperação de perdas geradas por incertezas políticas na França e abrem em alta. Por aqui, à espera dos dados da inflação, o Ibovespa futuro cai.
Na Ásia, os mercados fecharam sem direção única, com novo recorde em Tóquio e perdas na China após a divulgação do Índice de Preços ao Consumidor (CPI, na sigla em inglês). O indicador chinês subiu 0,2% na comparação anual de junho, menos do que o esperado, enquanto o Índice de Preços ao Produtor (PPI, na sigla em inglês) se manteve em queda, sinalizando demanda persistentemente fraca, apesar de esforços de Pequim para impulsionar o consumo.
Investidores acompanham a divulgação, às 9h, do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) por aqui. A projeção do consenso LSEG é de alta de 0,32% em junho ante maio. Na projeção anual, a elevação ficaria em 4,35%.
De olho no Congresso, a Câmara dos Deputados deve votar hoje o primeiro texto que regulamenta a Reforma Tributária, com detalhes sobre os futuros Imposto sobre Bens e Serviços (IBS) e a Contribuição sobre Bens e Serviços (CBS). Juntos, esses dois novos tributos formarão o Imposto sobre Valor Agregado (IVA), que vai substituir cinco impostos que recaem sobre consumo hoje: PIS, Cofins, IPI, ICMS e ISS. O IVA vai incidir no momento de cada compra, a chamada cobrança no destino, ou seja, no local em que está sendo adquirido e consumido e não na origem, onde é produzido.
Entre os trechos de maior polêmica está a inclusão ou não das carnes na cesta básica com imposto zero. Isso porque a isenção poderia aumentar a alíquota padrão do IVA em 0,53%. Hoje, a alíquota padrão é estimada em 26,5%. Ontem, após se reunir com os deputados do grupo de trabalho, o ministro da Fazenda, Fernando Haddad (PT), disse que uma alternativa à não isenção de imposto para as carnes pode ser aumentar o cashback para pessoas incluídas no Cadastro Único, do Bolsa Família, que não conseguirem pagar o “valor cheio”.
Já no Plenário do Senado, o mercado acompanha a votação do Projeto de Lei (PL) 1.847/2024, apresentado pelo senador Efraim Filho (União-PB), que estabelece um regime de transição para a desoneração da folha de pagamento. Essa transição serve para compensar os R$ 18 bilhões da desoneração dos 17 setores intensivos em mão de obra.
Por determinação do Supremo Tribunal Federal (STF), o Congresso e o Palácio do Planalto têm até o dia 10 de agosto para aprovar e sancionar a proposta. Entretanto, apesar da pauta estar no Plenário, é possível que a deliberação não seja hoje, já que a equipe econômica apresentou novas propostas para compensar a medida.
Investidores também devem repercutir as falas do diretor de Política Monetária do Banco Central (BC), Gabriel Galípolo. Segundo a Bloomberg, Galípolo sinalizou cautela sobre intervenção no câmbio em reuniões privadas com investidores este mês. Ao jornal, fontes disseram que o diretor afirma procurar o consenso de outros diretores antes de tomar medidas no mercado cambial. O movimento seria considerado uma estratégia do diretor para evitar a aparência de suscetibilidade a pressões políticas num momento de pressão inflacionária e dólar alto.
Nos Estados Unidos, o mercado acompanha novos discursos do presidente do Federal Reserve (Fed), Jerome Powell, na Câmara dos Representantes e de três dirigentes do Fed que também discursam ao longo do dia. Ontem, Powell expressou preocupação com o fato de que manter as taxas de juros muito altas por muito tempo poderia comprometer o crescimento econômico. Segundo a plataforma do CME Group, o mercado aposta em setembro como o mês de maior probabilidade para o primeiro corte de juros (71,8%) de 25 pontos base (bps, na sigla em inglês).
*Com informações da agência O Globo