Painel com cotações de empresas na bolsa brasileira, a B3: retomada do investimento de estrangeiros alimenta valorização dos papéis (Germano Lüders/Exame)
Da Redação
Publicado em 3 de dezembro de 2020 às 06h15.
Última atualização em 3 de dezembro de 2020 às 10h17.
O saldo de capital externo na bolsa brasileira ficou positivo em 33,3 bilhões de reais em novembro, no segundo mês consecutivo em que as compras superaram as vendas, de acordo com dados disponibilizados pela B3 nesta quarta-feira, 2. O volume não considera as ofertas iniciais (IPOs) nem as subsequentes (follow on) de ações.
Foi o maior resultado da série histórica da bolsa brasileira. O forte ingresso do investidor estrangeiro é atribuído por analistas à conjunção favorável para a retomada de riscos.
Primeiro, com a eleição de Joe Biden à presidência dos Estados Unidos, com contestação por parte de Donald Trump já praticamente resolvida e um Senado que deve continuar sob controle do Partido Republicano -- e isso deve impedir um aumento de impostos para as empresas; em segundo lugar, com notícias positivas sobre a aprovação de vacinas para o novo coronavírus.
"No cenário global, há o início de um novo ciclo de crescimento econômico impulsionado pela perspectiva da vacina da covid-19, estímulos monetários de uma magnitude nunca vista, estímulos fiscais e capacidade ociosa para absorver a retomada da demanda", diz Marcio Fontes, gestor do Asa Hedge e diretor de investimentos da ASA Asset, que faz parte do Grupo Alberto Joseph Safra.
É a mesma avaliação feita por Renato Mimica, sócio do BTG Pactual e diretor de investimentos da EXAME Research: “Esse cenário de volta à normalidade é muito favorável para emergentes, ex-Ásia, que foram os mais penalizados durante a pandemia. E entre eles o Brasil deve ser o principal beneficiado, na nossa visão. Se olhar para o índice de ações brasileiro em dólar, o EWZ, é um dos que mais sofreu no ano”, afirmou em entrevista à EXAME Invest.
Fontes destaca o aumento de estímulos fiscais nos países desenvolvidos, que se somam a políticas monetárias expansionistas, por meio de juros próximos a zero.
Segundo o gestor, as bolsas estão antecipando esse movimento. "Podemos observar que certos setores, mais impactados pela retomada do crescimento, entram na preferência do investidor, as chamadas ações cíclicas. As commodities, por exemplo, são altamente favorecidas, assim como bancos e small caps."
Para Fontes, se o cenário mundial continuar a caminhar para essa dinâmica, as economias periféricas são ainda mais beneficiadas pelo novo ciclo por serem mais alavancadas ao crescimento global. "A Bolsa brasileira, em especial, se torna muito atrativa por ter grande participação do segmento de commodities e financeiro, que historicamente performam bem na retomada do crescimento."
A forte retomada do investimento estrangeiro não é suficiente, porém, para compensar a fuga acumulada ao longo do ano. De janeiro a novembro, a saída líquida de estrangeiros da bolsa ainda alcança 51,56 bilhões de reais. Houve saldo positivo apenas nos meses de junho (343 milhões de reais) e outubro (2,867 bilhões de reais), além de novembro.
Em todo o ano de 2019, as vendas por estrangeiros superaram as compras em 44,5 bilhões de reais.