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Investidor deve evitar euforia e pânico e pensar no longo prazo, diz Acqua Vero

Segundo Alexandre Jung, diretor de renda variável, a incerteza é o sentimento dominante no mercado nesse momento, mas investidores devem manter calma

Alexandre Jung, diretor de renda variável da Acqua Vero Investimentos (Acqua Vero/Exame)

Alexandre Jung, diretor de renda variável da Acqua Vero Investimentos (Acqua Vero/Exame)

Com a vitória do candidato do Partido dos Trabalhadores (PT), Luiz Inácio Lula da Silva, no segundo turno das eleições de 2022, o mercado começa a se questionar sobre qual será o rumo da política econômica do futuro governo. E quanto isso poderá influenciar o mercado financeiro.

Segundo Alexandre Jung, diretor de renda variável da Acqua Vero Investimentos, escritório parceiro do BTG Pactual (BPAC11), o sentimento que percorre o mercado e que vai permanecer ao longo das próximas semanas — até a posse do novo governo — é a incerteza.

"O mercado já começou a precificar uma certa incerteza, algo que prevalece nesse momento de transição, diante daquilo tudo que está em andamento. O mercado está aguardando para ver quem terá as chaves das pautas econômicas no novo governo", explicou Jung em entrevista à EXAME Invest.

Para o gestor, "a equipe econômica nesse momento tem um desafio fiscal pela frente, dado que o teto de gastos já foi rompido durante a pandemia e o Lula já disse reiteradas vezes que vai rever o teto de gastos de forma estrutural. Por isso, existe uma grande incerteza sobre o que vai acontecer".

Jung lembra que o futuro governo "vai ter que fazer política olhando para o Congresso", pois a Câmara e o Senado são majoritariamente de centro-direita, onde a oposição será "ferrenha", e por isso o novo governo "será forçado a levar adiante um jogo político bastante intenso". "Quem faz sozinho não faz muita coisa, precisa de muito apoio", diz o economista.

"Teremos uma política econômica muito mais expansionista nas conta públicas e intervencionista no mercado. Por exemplo, Lula já sinalizou que vai aumentar em 40% o número de ministérios. Ele precisa acomodar os partidos que o apoiaram, que foram muitos, mas isso será péssimo para o Brasil", explica Jung, "Temos uma agenda tributária e fiscal complicadíssima para 2023 e estamos falando de aumentar gastos públicos. Isso é uma péssima notícia".

Para o gestor, o caminho que o Brasil está seguindo é "um caminho assertivo, e o governo deveria ser muito ruim para ir no caminho errado". "Temos uma inflação decrescente mesmo se o mundo inteiro está tendo uma inflação elevada. Temos juros decrescentes com o mundo inteiro tendo juros crescentes. Devemos ser muito ruins para reverter isso. Mas nada é impossível", diz Jung.

Jung salienta como o fato da coligação do Lula não ter apresentado um programa econômico e não ter indicado ainda quem será o ministro da Economia é algo "horrível", pois aumenta a incerteza. "O mercado está se perguntando quem será o ministro da Economia. Se fala no Meirelles, mas não sabemos nada. Pode ser alguma peça já instalada no governo, mas também pode ser um político mais votado para o aumento dos gastos públicos. A coligação era tão grande que fica realmente difícil entender o que poderia acontecer. O governo PT tem esse viés assistencialista. Ambos os candidatos atuaram de forma populista na campanha eleitoral, prometendo muitas coisas. Teremos que esperar para ver quais serão as decisões", diz o economista.

Estatais em baixa, educação, construção em alta, segundo Acqua Vero

O diretor de renda variável da Acqua Vero explicou que é o mercado está precificando para baixo algumas empresas, principalmente estatais, como Banco do Brasil (BBAS3) e Petrobras (PETR3).

"É natural que haja uma fuga da Petrobras por parte dos investidores, não apenas pela incerteza mas por ter sido palco de casos de corrupção no passado", diz Jung, "Por outro lado, o setor de construção começa a ter um ar diferente, assim como o setor de educação, que também vai ter um gás adicional, considerando o discurso que foi pregado na época da campanha eleitora, com a volta do Minha Casa Minha Vida e do Fies de forma intensa".

Sobre os conselhos fornecidos aos seus clientes, Jung diz que a palavra-chave agora é "diversificação".

"Não sugeriria diminuição de exposição, pois eu acho que o cenário está dado. A orientação para nossos clientes é de manter o portfólio diversificado. Nesses momentos de crise é natural que os clientes aportem em imóveis e títulos de renda fixa, como CDBs que tenham liquidez diária. Entretanto, não deve se desistir da diversificação e no projeto de longo prazo. É importante estar de olho no mercado, ter proximidade com o assessor de investimento, e esperar os próximos passos. Daqui até a transição teremos mais novidades. A euforia e o pânico são sentimentos opostos, mas resultam no mesmo resultado, ou seja, aumento de volatilidade. O negócio é manter a cabeça no lugar, sem euforia nem pânico. Pois anda mudou de sexta-feira passada para hoje", conclui Jung.

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