Sterling Anderson: executivo pode ser nome para a GM (NurPhoto / Colaborador/Getty Images)
Redação Exame
Publicado em 22 de dezembro de 2025 às 07h15.
O nome de Sterling Anderson circula cada vez mais nos bastidores da General Motors, segundo o Wall Street Journal.
Discreto, com formação em robótica pelo MIT e longa trajetória em tecnologia autônoma, ele chegou à empresa em junho e rapidamente passou a ocupar posições centrais. Hoje, é visto por executivos e analistas como um potencial sucessor de Mary Barra, que lidera a montadora há mais de uma década.
Anderson assumiu o cargo de diretor global de produtos, responsável por toda a linha de veículos a combustão e elétricos. Nos meses seguintes, ganhou o comando das áreas de inteligência artificial e integração de software.
Internamente, ele passou a liderar a nova estratégia tecnológica da GM, que prevê um SUV elétrico da Cadillac com direção autônoma “olhos fora da estrada” em 2028, além de baterias mais baratas e novos sistemas de IA embarcada.
A movimentação reforçou sua presença no time executivo mais próximo de Mary Barra. Aos 42 anos, Anderson ainda é pouco conhecido por investidores e pelo mercado financeiro, mas seu avanço é observado de perto — especialmente após a saída de outros nomes cotados à sucessão, como Dan Ammann, Dhivya Suryadevara e Marissa West.
Antes da GM, Anderson foi uma peça-chave na Tesla. Entre 2015 e 2016, liderou o desenvolvimento do Model X e da primeira geração do Autopilot. Teve embates diretos com Elon Musk, especialmente sobre a forma como o sistema era divulgado ao público. Deixou a empresa no auge da tensão e foi processado por suposta quebra de confidencialidade — a Tesla o acusou de recrutar membros da equipe para fundar a Aurora Innovation, startup de caminhões autônomos avaliada hoje em US$ 8 bilhões.
Na Aurora, liderou o desenvolvimento de sistemas de Lidar e colocou veículos autônomos para rodar no Texas. O executivo era conhecido por acompanhar pessoalmente os projetos: segundo ex-colegas, chegou a trabalhar diretamente na montagem de protótipos em oficinas da empresa.
Mary Barra, de 64 anos, está há mais de 10 no cargo e evita falar em sucessão. “Essa é uma decisão do conselho, não minha”, afirmou em evento recente. A GM diz que não há discussões internas sobre sua saída, mas o avanço de Anderson levanta hipóteses sobre o futuro da companhia.
A sucessão é delicada. A montadora vive um momento de transição e enfrenta questionamentos estratégicos: será uma empresa de tecnologia, como defende Barra, ou manterá o perfil de fabricante tradicional?
O histórico recente é instável. A empresa cancelou o programa Cruise de robotáxis, após investir US$ 10 bilhões. Anunciou um prejuízo de US$ 1,6 bilhão com sua divisão de elétricos em outubro e viu uma sequência de executivos de tecnologia deixarem a companhia — três saíram apenas nos últimos meses, já sob a gestão de Anderson.
Dentro da GM, Anderson é visto com entusiasmo por profissionais ligados à área de autônomos. Ele recontratou ex-integrantes da Cruise e, em reuniões internas, elogiou avanços do programa encerrado. Ao mesmo tempo, gerou incômodo em outros setores, especialmente ao defender em um encontro interno o sistema de avaliação de desempenho considerado impopular entre funcionários.
Questionado sobre sua imagem, respondeu em nota que não quer ser visto como um “cowboy do Vale do Silício atirando por todos os lados”. Para ele, “alguma tensão é inevitável em processos de transformação, mas a equipe já está acelerando e ampliando o ritmo de inovação”.
Com perfil técnico, postura reservada e visão clara sobre o futuro dos veículos conectados, Anderson reúne elementos para disputar a liderança de uma GM em redefinição. “Seu carro vai melhorar quanto mais tempo você tiver ele”, disse em reunião recente ao explicar sua visão de uma nova geração de elétricos com alta capacidade computacional, segundo o Wall Street Journal.