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Índice do medo dispara e mostra cautela com Espanha

Referência do mercado para a volatilidade tem a maior alta diária desde novembro de 2011

As regiões de Valência e Murcia já pediram ajuda financeira ao governo espanhol. Outras 6 regiões do país devem seguir o mesmo caminho.  (©AFP / Philippe Huguen)

As regiões de Valência e Murcia já pediram ajuda financeira ao governo espanhol. Outras 6 regiões do país devem seguir o mesmo caminho. (©AFP / Philippe Huguen)

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Da Redação

Publicado em 23 de julho de 2012 às 17h20.

São Paulo – O estresse dos investidores no mercado voltou a atingir níveis estratosféricos. O índice de volatilidade VIX do mercado ações está com a maior alta diária desde novembro de 2011. O índice do medo, conhecido assim por refletir o sentimento de confiança do investidor no mercado, teve uma alta de 25%, chegando a 20,41 pontos.

O VIX mede o custo para a proteção de curto prazo para uma cesta de ações do índice S&P500 expressado pelo mercado de opções. Um VIX alto como este mostra a resposta do mercado para os últimos acontecimentos envolvendo a crise espanhola- o preço aumenta quando os investidores sentem que os mercados podem cair.

O aumento da preocupação dos investidores veio com o anúncio de que, assim como Valência, a região espanhola de Murcia também irá o usar o programa do governo de 18 bilhões de euros para salvar suas finanças. Segundo reportagem do El País, outras 6 regiões pretendem seguir o mesmo caminho (são 17 no total). A ajuda do governo vai auxiliar as regiões a lidarem com seus empréstimos e vem com rigorosas condições fiscais.

O número grande de regiões precisando da ajuda do Estado eleva a desconfiança dos investidores em relação ao governo espanhol, que enfrenta dificuldades para cumprir seus objetivos de déficit e de aplicar os duros ajustes aprovados nas últimas semanas.

Também refletindo a insegurança no mercado espanhol, a taxa de risco do país, medida pela diferença com os papéis de prazo semelhante emitidos pela Alemanha, chegou aos 640 pontos básicos nessa segunda-feira, depois que o rendimento do bônus espanhol a dez anos alcançou pela primeira vez na história no mercado secundário de dívida 7,537%. O ágio que os investidores exigem pela compra de dívida soberana espanhola frente à alemã aumentou depois que o rendimento do bônus alemão a dez anos ficou em 1,135%.


“A situação espanhola é crônica. E não é somente a Espanha. Isso ainda não acabou”, disse John Manley, chefe de estratégia de ações do Fundo Wells Fargo Advantage de Nova York, em entrevista à Bloomberg.

Grécia de volta ao radar

A dificuldade grega em cumprir as metas do programa de resgate, que até agora tem sido incapaz de preencher as condições para receber dois pacotes de ajuda no total de 240 bilhões de euros, contribui para o clima de insegurança no mercado.

O índice FTSEurofirst 300, que reúne as principais ações europeias, fechou nessa segunda-feira em queda de 2,30%, aos 1.024 pontos. Nos Estados Unidos e no Brasil, o cenário também é de queda. Às 15h50, as bolsas americanas operavam em baixa (Nasdaq com queda 1,29% e Índice Dow Jones com queda de 0,97%). Já o Ibovespa sofre queda maior, de 2,36%.

Para o ministro da economia da Alemanha, Philipp Roesler, é improvável que a Grécia seja capaz de cumprir as suas obrigações. A troika - formada pela Comissão Europeia, pelo Banco Central Europeu e pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) - se reúne amanhã com as autoridades gregas para discutir sobre como colocar o programa econômico do país de volta aos trilhos.

O semanário alemão Der Spiegel noticiou no fim de semana que a Grécia precisaria de até 50 bilhões de euros em ajuda adicional e que o FMI poderia se recusar a contribuir com mais financiamentos. O FMI, no entanto, negou. Em comunicado à imprensa, um porta-voz reafirmou o posicionamento do fundo:“o FMI está dando suporte à Grécia para superar suas dificuldades econômicas".

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