Painel com cotações na bolsa brasileira, a B3 (Germano Lüders/Exame)
Beatriz Quesada
Publicado em 27 de maio de 2022 às 17h34.
Ibovespa hoje: o principal índice da B3 encerrou esta sexta-feira, 27, perto da estabilidade, sem conseguir acompanhar plenamente o bom humor do mercado internacional. Enquanto bolsas internacionais tiveram fortes altas, com busca por pechinchas no exterior, no Brasil, o Ibovespa foi pressionado pela forte queda da Petrobras e fechou no zero a zero.
Ainda assim, o índice encerrou a semana – a terceira consecutiva de ganhos – em alta de 3,19%. Foi o maior avanço semanal registrado pelo índice desde março.
Na bolsa, as ações da Petrobras recuaram mais de 4%, em uma semana de turbulência para os papéis após a demissão do atual presidente, José Mauro Coelho. A terceira troca no comando da estatal sob o governo Jair Bolsonaro causou preocupação sobre o futuro da política de preços da estatal, que vem sendo pressionada pelo presidente em ano eleitoral. Na semana, os papéis da Petrobras caíram 10,41% (PETR3) e 12,14% (PETR4).
A queda de hoje, no entanto, foi reflexo de duas declarações. A primeira do presidente da Câmara, Arthur Lira. Em entrevista à Rádio Bandeirantes nesta manhã, Lira falou sobre agir contra "instabilidade da empresa" e disparou: "ou a gente privatiza ou toma medidas mais duras".
No radar, esteve ainda uma carta obtida pelo Valor em que o presidente da companhia, José Mauro Coelho, alerta o Ministério de Minas e Energia e a Agência Nacional de Petróleo para a possibilidade de escassez de óleo diesel, citando queda de estoques globais e elevada demanda.
"Esse apontamento serve como um alerta sobre o descasamento do preço praticado e como isso pode influenciar na falta do diesel", disse Régis Chinchila, analista da corretora Terra Investimentos.
As perdas provocadas pelos papéis da estatal foram compensadas pela alta da Vale, beneficiada pela valorização do minério de ferro nesta madrugada, que reagiu a expectativas de novos estímulos na economia chinesa contribuíram para a apreciação do metal. Na véspera, o primeiro-ministro chinês Li Keqiang havia alertado que a economia do país em alguns aspectos estava pior que em 2020. A deterioração econômica tem como pano de fundo políticas de tolerância zero à covid-19.
A alta do minério também contribuiu com a valorização de siderúrgicas, que ficaram entre os maiores ganhos do dia.
Mas são os papéis da BRF que lideram as altas deste pregão. As ações da companhia dona da Sadia e Perdigão saltaram mais de 4%, após o Valor noticiar que a companhia está demitindo funcionários e irá eliminar 25% dos cargos de diretoria. A mudança teria como objetivo tornar a empresa mais ágil.
O dólar comercial caiu abaixo de R$ 4,74, acompanhando o movimento de queda global da moeda. No acumulado da semana, o dólar recuou 2,77%.
O bom humor veio dos mercados americanos, onde as bolsas tiveram em alta em um dia de alívio após sequência de quedas provocada pelo ciclo de aperto monetário nos Estados Unidos.
Por lá, as boas notícias vieram da inflação. O Índice de Preços para Gastos de Consumo Pessoal (PCE) subiu 0,2% em abril ante março – o indicador é – um dos mais observados pelo Fed em sua política monetária. Mas o que realmente animou os investidores foi a alta de 4,9% no núcleo do PCE na comparação anual, uma desaceleração frente aos 5,2% reportados em março.
O indicador de arrefecimento da inflação alimenta as expectativas de investidores de que o ciclo de alta de juros nos EUA seja mais brando que o esperado. O índice que mais se beneficia de um cenário de juros mais baixos é o Nasdaq, de tecnologia, que teve a maior alta do mercado americano.
No acumulado da semana, o Dow Jones subiu 6,2%, se recuperando de sua maior sequência semanal de perdas desde 1923 – foram oito semanas consecutivas de quedas. Já o S&P 500 subiu 6,5% e o Nasdaq avançou 6,8%.