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Ibovespa vira para queda com recessão e fiscal no radar

Índices americanos avançam em movimento de recuperação, deixando de lado sinalização contracionista do Fed

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

Painel de cotações da B3 (Germano Lüders/Exame)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 23 de junho de 2022 às 10h14.

Última atualização em 23 de junho de 2022 às 11h57.

Ibovespa hoje: o dia é de recuperação para as bolsas de Nova York, mas o principal índice da bolsa brasileira opera no sentido contrário, pressionado pelas ações dos grandes bancos e pelo cenário fiscal. No exterior, os mercados sobem nesta quinta-feira, 23, buscando se recuperar dos últimos pregões de queda e volatilidade causados pelo temor de uma recessão global.

A grande preocupação é de que o ciclo de aperto monetário do Federal Reserve (Fed, o banco central dos Estados Unidos) prejudique a economia americana e, consequentemente, a economia global. Na última semana, a autoridade monetária dos EUA elevou a taxa de juros em 0,75 ponto percentual (p.p.), maior aumento em quatro décadas

Na véspera, houve algum alívio nos mercados após Jerome Powell, presidente do Fed, afirmar ao Senado que a economia dos EUA estava forte e preparada para o ciclo de aperto monetário. Por outro lado, o dirigente do Fed admitiu que a recessão é uma “possibilidade”. 

  • Dow Jones (EUA): + 0,49%
  • S&P 500 (EUA): + 0,75%
  • Nasdaq (EUA): + 1,25%

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Por aqui, o cenário de recessão global afeta o desempenho das maiores ações do Ibovespa. Vale (VALE3) e siderúrgicas estendem as quedas da véspera – mesmo com a recuperação do minério de ferro no exterior nesta quinta. Vale lembrar que os papéis da Vale representam, sozinhos, quase 16% da carteira teórica do Ibovespa.  

As ações do setor bancário, que também estão entre as maiores composições do índice, recuam em bloco e adicionam pressão ao Ibovespa. O destaque negativo fica com Itaú (ITUB4), que cai quase 2% e fica entre as principais baixas do dia.

  • Itaú (ITUB4): - 1,91%
  • Bradesco (BBDC4): - 1,72%
  • Santander (SANB11): - 1,03%
  • Banco do Brasil (BBAS3): - 1,00%

No cenário local, investidores ainda monitoram de perto a crise em torno dos preços dos combustíveis e como a medida pode impactar as contas públicas e a Petrobras (PETR3/PETR4)

Para conter a escalada de preços em ano eleitoral, o governo discute um auxílio para caminhoneiros entre R$ 600 a R$ 1.000 por mês após a proposta inicial de R$ 400 mensais ter desagradado os representantes da categoria. A medida pode ser regulamentada via decreto de estado de emergência, única forma de driblar as restrições impostas pela lei eleitoral, que impede a criação e a ampliação de programas sociais em ano de eleição. O aumento de gastos pressiona o cenário fiscal brasileiro e diminui o potencial de alta do Ibovespa.

Em relação à Petrobras, a ameaça de instalação de uma CPI ficou travada no Congresso, ainda sem conseguir as assinaturas necessárias para início da investigação. Defendida por Jair Bolsonaro, a CPI investigaria a política de preços da estatal, condenada pelo governo. 

Vale lembrar que a União é o maior acionista da Petrobras e que os preços já vêm sendo represados a pedido do governo – a companhia adota um intervalo mais longo nos repasses. Cálculos do analista Pedro Soares, do BTG Pactual (do mercado grupo de controle da Exame), mostram que a Petrobras perde R$ 7,5 bilhões de Ebitda a cada US$ 15 dólares de defasagem de preços.

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