Ibovespa acompanha alta em NY, sobe 1% e supera 113 mil pontos
Dólar recua 0,68% e é negociado no fechamento a R$ 5,27, rompendo nova barreira, a de R$ 5,30; units do Inter e ações da Vale lideraram os ganhos
Beatriz Quesada
Publicado em 1 de fevereiro de 2022 às 09h45.
Última atualização em 1 de fevereiro de 2022 às 19h04.
O Ibovespa começou fevereiro dando continuidade à sequência de ganhos de janeiro. O principal índice da B3 fechou o pregão desta terça-feira, dia 1º, com alta de 0,97%, aos 113.228,31 pontos. Em janeiro, a valorização já havia sido de 6,98%, com o impulso do ingresso de capital estrangeiro na bolsa brasileira, a B3.
Segundo analistas,investidores estrangeiros estão realizando uma rotação de portfólio, saindo de ações de crescimento nas bolsas americanas em busca de papéis de valor descontados em bolsas emergentes, como a brasileira.
“Seguimos mirando a possibilidade de o Ibovespa atingir 115.000 pontos e daí então ganhar maior tração [para novos patamares]”, afirmou em nota Alvaro Bandeira, economista-chefe do banco Modalmais.
O fluxo positivo do investidor estrangeiro tem também impacto sobre o câmbio. O dólar comercial caiu 0,68% e foi negociado no fechamento a 5,27 reais, depois de queda de cerca de 5% em janeiro.
Também pesa a favor da entrada do capital estrangeiro o diferencial de juros, com a taxa real (descontada a inflação projetada) no Brasil na casa de 7 pontos percentuais, uma das maiores do mundo.
Investidores aguardam amanhã a decisão da reunião do Comitê de Política Monetária ( Copom ). O consenso de mercado aponta para uma alta de 1,5 ponto percentual, com a taxa Selic passando de 9,25% para 10,75% ao ano.
No fechamento desta terça-feira:
- Ibovespa: +0,97%, aos 113.228,31 pontos
- Dólar comercial: -0,68%, a 5,27 reais.
O Ibovespa acompanhou novo dia positivo dos índices americanos, pela segunda vez na semana. As altas começam a apagar as fortes quedas registradas em janeiro, mês em queo S&P 500 e o Nasdaq recuaram 5,2% e 8,9% respectivamente, puxados pelos papéis de tecnologia – os mais prejudicados em cenário de juros mais altos.
No fechamento:
- Dow Jones (EUA): +0,78%
- S&P 500 (EUA): +0,69%
- Nasdaq (EUA): +0,75%.
A divulgação dos resultados de algumas das maiores companhias do mundo voltou a dar um tom positivo em Nova York. Depois do fechamento, as ações da Alphabet (a holding do Google) disparavam mais de 6% com a divulgação de números acima das projeções do mercado no quarto trimestre, tanto nas receitas como no lucro por ações.
Destaques de ações no Ibovespa
Na bolsa brasileira, um papel de uma empresa de tecnologia foi o destaque do pregão. As units do Inter (BIDI11) avançaram 8,08% e lideraram os ganhos entre os 93 ativos do Ibovespa depois que o JPMorgan atualizou a recomendação para o papel de neutra para outweight, equivalente à compra.
Em relatório, os analistas do banco de investimento americano mencionam um desconto de 50% a 70% no preço do Inter em relação ao concorrente Nubank (NUBR33), que o JPMorgan classifica como neutro. O preço-alvo do BIDI11 é de 40 reais, o que representa um potencial de valorização (upside) de 54% em relação ao fechamento da véspera.
- Inter (BIDI11): +8,08%;
- Nubank (NUBR33): +2,32%.
Mas a alta do Ibovespa foi sustentada de fato pelos papéis da Vale (VALE3), que possuem a maior participação na carteira teórica do índice.
A mineradora teve um pregão de forte alta e encerrou com ganhos de 5,49%. Siderúrgicas também avançaram, com o minério de ferro cotado a 146,78 dólares a tonelada e uma alta acumulada de quase 22% no ano.
- Vale (VALE3): +5,49%
- CSN (CSNA3): +5,05%
- Usiminas (USIM5): +3,88%.
Ainda no campo das commodities, a Petrobras (PETR3/PETR4) teve mais um dia de valorizaçãomesmo com o petróleo estável. A força dos papéis da petroleira veio de uma declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes. É mais fácil erradicar pobreza do que subsidiar gasolina”, disse Guedes em evento realizado pelo Credit Suisse nesta tarde.
- Petrobras (PETR3): + 2,95%
- Petrobras (PETR4): + 2,01%.
Na ponta negativa, os papéis do Banco Pan (BPAN4) passaram por correção e recuaram 5,22% depois de avançarem mais de 7% na véspera. Já os papéis da Alpargatas ( ALPA4), que estiveram entre as maiores quedas de janeiro, voltaram a recuar nesta terça.
- Alpargatas ( ALPA4): - 6,91%
- Banco Pan (BPAN4): - 5,22%.
Ainda no campo negativo, os papéis da BRF (BRFS3) voltaram a cair no dia da precificação do follow-on da empresa, cujo desfecho seria conhecido depois do fechamento do mercado. A queda foi de 3,13%.
Segundo noticiou a EXAME IN, a oferta caminhava no meio da tarde para sair com desconto e sem a participação da Petros, grande acionista da BRF. A expectativa era que o preço ficasse entre 20 reais e 21 reais, o que levaria a captação para menos de 7 bilhões de reais -- chegou-se a esperar mais de 8 bilhões de reais apenas duas semanas atrás.
Vale lembrar que as exportadoras de carne são também afetadas pela queda do dólar, o que contribuiu para a queda generalizada das empresas do setor na bolsa.
- Minerva (BEEF3): -5,03%
- BRF (BRFS3): -3,13%;
- Marfrig (MRFG3): -0,76%
- JBS (JBSS3): -0,31%.
Investidores também estiveram atentos ao início da temporada de balanços no Brasil. A primeira empresa a apresentar seus números será a Romi (ROMI3), com balanço previsto para o fim do dia, após o encerramento do pregão. A temporada esquenta com os números de Santander ( SANB11 ) e Cielo(CIEL3), ambos amanhã, dia 2.