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Ibovespa ignora tensão no exterior fecha em alta e sobe 2,7% na semana

Sinalizações de PEC de Transição mais suave impulsionam índice em dia de jogo do Brasil na Copa do Mundo

Painel de cotação da B3 (Germano Lüders/Exame)
GG

Guilherme Guilherme

Publicado em 2 de dezembro de 2022 às 10h24.

Última atualização em 2 de dezembro de 2022 às 18h36.

O Ibovespa virou para alta nesta sexta-feira, 2, na contramão do mercado internacional. Em dia de jogo da seleção brasileira na Copa do Mundo 2022, o movimento do índice acompanhou as sinalizações mais positivas no campo fiscal.

Na véspera, entrou na mesa a possibilidade do governo eleito de Luiz Inácio Lula da Silva (PT) aceitar uma PEC de Transição mais suave, com prazo de 2 anos e R$ 150 bilhões fora do teto de gastos – R$ 25 bilhões a menos do que o previsto inicialmente.

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"Existe a perspectiva de que o novo governo irá aceitar reduzir o valor da PEC para algo próximo aos R$ 150 bilhões por dois anos, enquanto planeja um novo arcabouço fiscal para o País. Isso ainda deve gerar efeitos negativos na estabilidade fiscal do país, mas é melhor do que a proposta inicial", afirmou Luis Novaes, analista da Terra.

Havia também grande expectativa de que Lula nomeasse ministros em coletiva desta sexta, mas o anúncio ficou para a partir do dia 12 de dezembro, data de sua diplomação. O presidente sinalizou que irá montar sua equipe unindo as forças políticas que o ajudaram a ganhar a eleição, e afirmou que a presidente do PT, Gleisi Hoffman, não será ministra e seguirá à frente do partido.

Existem ainda algumas especulações sobre a composição da equipe econômica que estão animando o mercado. "A composição Fernando Haddad na Fazenda e Ana Carla Abrão no Planejamento tem sido sondada pelo mercado. Ela é mais pró-mercado, ex-secretária do Tesouro. Os investidores estão monitorando isso, o que ajudou a acalmar os investidores [quanto aos riscos fiscais]", disse Luccas Fiorelli, sócio da HCI Invest.

Na semana, o Ibovespa acumulou alta de 2,70%.

Cautela no exterior

No exterior, investidores repercutiram negativamente os dados do mercado de trabalho americano, que saíram acima do esperado, alimentando as expectativas de juros mais altos nos Estados Unidos.

O payroll de novembro divulgado nesta manhã revelou a criação de 263.000 empregos urbanos, cerca de 30% acima do consenso de mercado.

Outro ponto de preocupação foi a variação do salário por hora trabalhada nos Estados Unidos, que aumentou em 5,1% ante a estimativa do mercado de 4,6% na comparação anual. O dado do mês anterior também foi revisado para cima, de 4,7% para 4,9% de alta anual. Já a taxa de desemprego americana se manteve em 3,7%.

Os números saíram bem fortes e acima do esperado pelo mercado, mostrando que o mercado de trabalho americano segue bem forte nos Estados Unidos", afirmou William Castro Alves, estrategista-chefe da Avenue.

Com níveis de pleno emprego no país, um dos temores do Federal Reserve (Fed) é de que a escassez de mão de obra possa seguir alimentando a inflação local, o que manteria os juros elevados por mais tempo.

Os dados desta sexta vão em direção contrária às sinalizações mais dovish do presidente do Fed, Jerome Powell, com parte dos investidores precificando alguma dúvida de que o BC americano irá mesmo reduzir o ritmo da alta de juros já na decisão deste mês. A probabilidade de o Fed elevar sua taxa mais uma vez em 0,75 ponto percentual, segundo monitor do CME Group, saltou de 20% para próximo de 30% após a divulgação do payroll.

Índices da Europa e dos Estados Unidos, que seguiam próximos da estabilidade, afundaram após a divulgação dos números. O Nasdaq, mais sensível às taxas de juros, foi o que apresentou a pior performance entre os indicadores.

"O mercado de trabalho americano tem sido um dos principais geradores de inflação no país, e ainda se apresenta forte e resiliente, tendo reflexos negativos no mercado, com mais volatilidade e  incerteza, uma vez que precisamos de um desaquecimento", disse Carlos Vaz, CEO da Conti Capital.

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