Ibovespa: bolsa abre em queda após decisão do Copom (Patricia Monteiro/Bloomberg)
Repórter de finanças
Publicado em 9 de maio de 2024 às 10h24.
Última atualização em 13 de maio de 2024 às 13h03.
O Ibovespa fechou o pregão desta quinta-feira, 9, em queda de 1%, a 128.188 pontos, após o Comitê de Política Monetária (Copom) reduzir o ritmo de cortes da Selic em decisão da véspera.
Pela sétima vez seguida, nesta quarta-feira, 8, o Copom reduziu os juros. Mas ao contrário das reduções anteriores de 0,50 ponto percentual (p.p.), o Banco Central (BC) reduziu o ritmo e optou por cortar 0,25 p.p., levando a Selic para o patamar dos 10,50% em uma decisão dividida de 5 votos a 4.
Apesar de um movimento mais contracionista, o mercado não foi pego de surpresa. A redução do ritmo já vinha sendo especulada pelo mercado, após a mudança na meta fiscal pelo governo, o que afetou as expectativas de inflação. Como os diretores do BC não sinalizaram se manterão o ritmo de cortes nas próximas reuniões, agora a dúvida que paira no mercado é quando o ciclo de queda se encerrará. A certeza é de que esse ciclo será menor do que o projetado anteriormente. A mediana das apostas está em 9,63% ao ano, segundo o Focus. Há quatro semanas estava em 9% ao ano.
Vinicius Moura, economista e sócio da Matriz Capital, comenta que o comunicado revelou uma postura cautelosa do Banco Central em relação à política monetária futura, destacando a complexidade do ambiente econômico global e doméstico. "Fica claro que o BC ressalta a necessidade de cautela em razão das incertezas globais e da dinâmica da inflação doméstica que, embora esteja em trajetória de desinflação, enfrenta pressões de uma inflação subjacente acima da meta", pontua.
Segundo o especialista, o tom do comunicado pode ser interpretado como "cautelosamente hawkish" (mais duro). Isso porque, embora tenha decidido por uma redução da taxa de juro, o BC enfatizou a importância de manter a política monetária contracionista para consolidar a desinflação e a ancoragem das expectativas de inflação.
"Ainda acredito que o Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) mantendo juros altos pode atrapalhar no ciclo de queda de juros por aqui. Juros altos nos EUA podem fortalecer o dólar e pressionar a inflação, dificultando a redução da Selic aqui. Além disso, eventos como as enchentes no Rio Grande do Sul podem pressionar a inflação de alimentos, dificultando a queda da Selic também", acrescenta.