Governo francês vai adquirir 100% das ações da gigante da energia EDF
A volta sob exclusivo controle público da empresa energética foi anunciada pela primeira-ministra Élisabeth Borne
Carlo Cauti
Publicado em 6 de julho de 2022 às 13h09.
O governo francês informou nesta quarta-feira, 6, que vai adquirir 100% do capital da gigante da energia Électricité de France (EDF).
A informação sobre a volta sob exclusivo controle público da empresa energética foi anunciada pela primeira-ministra Élisabeth Borne ao Parlamento de Paris.
“Confirmo a vocês hoje que o Estado pretende controlar 100% do capital da EDF. Esta evolução permitirá à EDF reforçar a sua capacidade de levar a cabo projetos ambiciosos e imprescindíveis o mais rapidamente possível para o nosso futuro energético”, disse Borne aos parlamentares.
A primeira-ministra realizou um discurso no qual definiu as prioridades para o novo governo francês após a reeleição de Emmanuel Macron como presidente da República em abril e após as eleições legislativas em junho.
EDF empresa fundamental para a energia nuclear da França
A EDF já é de propriedade estatal, com o governo francês que controla 84% das ações da empresa, enquanto 1% pertence aos funcionários e 15% está no mercado.
Listada na Bolsa de Valores de Paris em 2005, as ações da EDF já caíram mais de 90% desde a máxima registrada em 2007.
A EDF está sobrecarregada de dívidas, que superam os 43 bilhões de euros, ligadas a seus investimentos nucleares.
Uma situação que ocorre em um momento onde o estado francês pressiona para mais investimentos no setor, com o lançamento de um programa para a construção de novos reatores nucleares.
Entretanto, a empresa está enfrentando problemas de produção energética este ano em alguns de seus reatores. Algo que acabou piorando ainda mais a situação de seus lucros.
Além disso, o governo francês impôs à EDF pagar a conta do teto máximo dos preços da energia decretado em janeiro. Uma medida destinada a proteger as famílias do aumento dos preços da energia, mas que fez com que as ações da EDF caíssem ainda mais.
A empresa estimou que as perdas de produção reduzirão os lucros em 18,5 bilhões de euros e o teto máximo aos preços da eletricidade custará outros 10,2 bilhões de euros.
Com isso, sua dívida deverá aumentar 40% este ano, ultrapassando os 61 bilhões de euros.
Após o discurso de Borne, as ações da EDF listadas na Bolsa de Valores de Paris registraram uma forte alta, subindo mais de 5,5%