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Gestora Garde vê Selic em 6% e inflação acima da meta no final de 2021

Gestora acredita que a piora da pandemia e os problemas fiscais devem fazer com que a Selic chegue a 6% em dezembro e em 6,5% já no começo de 2022

Garde acredita que juros vão subir de 2% para 6% até o final do ano (Marcello Casal Jr/Agência Brasil)
BA

Bianca Alvarenga

Publicado em 9 de março de 2021 às 17h03.

Última atualização em 9 de março de 2021 às 19h34.

A Garde Asset reajustou suas projeções de inflação, juros e câmbio para o ano, considerando uma série de fatores que devem piorar o cenário econômico. A gestora vê a taxa Selic em 6% até o final de 2021, frente a uma projeção anterior de 4%. A razão para a alta dos juros é a piora significativa da inflação e os problemas fiscais do governo federal.

"O cenário político está conturbado. Vimos atitudes do governo que geraram desconforto para o horizonte fiscal", diz Daniel Weeks, economista-chefe da Garde.

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Ele diz que a interferência do presidente Jair Bolsonaro na Petrobras foi o primeiro desses episódios, mas o governo deu outros sinais negativos, como a tentativa de tirar o Bolsa Família do teto de gastos e de excluir as forças policiais da PEC Emergencial. Tudo isso indicaria um descompromisso com o controle de despesas no médio e longo prazo.

"Além disso, houve um recrudescimento da pandemia, com aumento de mortes. Enquanto esses números estiverem acelerando e não tivermos visibilidade sobre a oferta de vacinas o clima será de muita incerteza. É provável que o governo tenha de recorrer à situação de calamidade pública, o que abre espaço para novas despesas", diz Weeks.

A projeção da gestora é que o Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) termine o ano em 5,1%, bem acima da meta de inflação para 2021, que é de 3,5%.

O cenário pode fazer com que o Banco Central realize um aumento de 0,5 ponto percentual nos juros já na reunião do Copom da semana que vem, e que acelere o ritmo de subida para 0,75 ponto percentual em maio e junho, levando a taxa Selic para 6% no final do ano e para 6,5% no começo de 2022.

Parte da aceleração inflacionária é em razão do dólar, que tem ganhado força nas últimas semanas. A capacidade dos Estados Unidos de vacinar a maioria da população já nos próximos meses indica que há uma recuperação da economia americana a caminho.

"No segundo semestre as economias europeias devem voltar a alguma normalidade, e aí teremos um crescimento global mais equilibrado. Isso abre espaço para um dólar mais fraco", explica o economista. A Garde vê o câmbio em 5,50 reais no final de 2021.

O horizonte também deve se tornar menos nebuloso para o Brasil no segundo semestre, quando espera-se que o ritmo de vacinação já esteja mais acelerado. A recuperação da economia global e os números mais robustos do PIB brasileiro no quarto trimestre de 2020 levaram a gestora a reajustar a projeção de crescimento da economia local de 2,7% para 4%.

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