Mercado Livre faz campanha com descontos (Mercado Livre/Divulgação)
Repórter Exame IN
Publicado em 3 de maio de 2023 às 18h30.
Última atualização em 3 de maio de 2023 às 18h48.
O Mercado Livre (MELI) viu o crescimento de suas operações, tanto de e-commerce quanto da fintech, se acelerar ainda mais no primeiro trimestre, num ganho de escala que trouxe rentabilidade também maior, segundo os números do balanço divulgado nesta quarta-feira, 3. O resultado veio dentro da expectativa de analistas de mercado, que têm mantido a ação da varejista entre as suas preferidas no varejo. Na Nasdaq, onde as ações são negociadas, o papel avançava 3,52% nas negociações pós-mercado.
No primeiro trimestre de 2023, a receita da plataforma de marketplace alcançou US$ 3 bilhões, 58,4% maior do que um ano antes. O lucro operacional chegou a US$ 340 milhões, com a margem saltando de 6,2% para 11,2%. Já a última linha do balanço deu um salto de 208,5%, para US$ 201,4 milhões. Com 3,9 milhões de novos usuários, a base superou 100,5 milhões de usuários ativos.
"Estamos mostrando que temos capacidade de crescer com rentabilidade e mesmo com maior nível de investimento", diz o diretor de relações com investidores na América Latina, Richard Cathcart, em entrevista à EXAME Invest. Recentemente, a companhia anunciou a contratação de mais de 13 mil pessoas em toda a América Latina, sendo 5,7 mil no Brasil. As despesas com tecnologia e produto, que envolve a contratação de mão de obra especializada, cresceu mais de 60%, observa Cathcart.
A receita líquida da operação de e-commerce cresceu 53,9% em moeda constante e 31,2% em dólares, para US$ 1,7 bilhão, com itens vendidos crescendo 16% e as vendas brutas (GMV, na sigla em inglês) ficando 43% maiores, a US$ 9,43 bilhões.
Respondendo por mais de 50% das operações, o Brasil reportou um crescimento de 28% das vendas. Esse avanço, destaca Cathcart, se deve ao ganho de participação de mercado que se acelerou no primeiro trimestre. A plataforma de acordo com relatório do Citi é uma das maiores beneficiadas pela crise da Americanas, sendo uma herdeiras naturais de parte dos acessos e compras que migraram da varejista dos empresários da 3G. "Somos um destino natural, porque já entramos o ano com desempenho forte", avalia Cathcart.
O ganho de rentabilidade, porém, vai além do aumento da fatia do bolo da varejista argentina no mercado brasileiro, já que o ganho de escala tem ajudado a diluir custos e despesas. "Nos últimos dois anos o foco tem sido em crescimento com rentabilidade." O diretor atribui a melhoria de rentabilidade também ao negócio de publicidade.
A receita de publicidade da plataforma (ADS, na sigla em inglês) cresceu nada menos que 62% e já passou a representar 1,4% do GMV do Meli. "A receita está crescendo bem acima da média da companhia e é uma linha de receita que tem uma margem muito alta, o que ajuda na margem total", explica.
Outra fonte de rentabilidade é a fintech da companhia, cujo volume total de pagamentos (TPV) chegou a US$ 37 bilhões, um avanço de 46% em dólar e 96% em moeda constante, um aumento especialmente observado pela carteira digital, mas logo sequido pela operação de adquirência. Fora da plataforma do Mercado Livre, o volume total de pagamentos somou US$ 27 bilhões.
A principal contribuição de lucratividade, no entanto, vem do negócio de crédito. A carteira do Mercado Pago chegou a US$ 3 bilhões, mesmo com uma postura mais cautelosa do grupo. "O fato de segurar [a concessão] e tomar algumas iniciativas de conter o risco num macroambiente complicado, significa que nossas métricas de pagamento em atraso estão melhorando", argumenta o diretor. A inadimplência de 90 dias passou de 10,3% para 9,5%, com a empresa voltando a mitir cartões em ritmo mais intenso no primeiro trimestre.
Segundo ele, uma vantagem da integração do varejo com o braço financeiro está no custo de aquisição do cliente para o Mercado Pago. "Já conhecemos melhor essa base de usuários e os dados que temos são muito ricos, o que nos permite oferecer crédito para consumidores que nunca tiveram acesso."