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Futuros americanos caem após novas tarifas de Trump ao Brasil e impasse com a Europa

Decisão de Trump de impor tarifa de 50% ao Brasil pressiona futuros americanos; Europa negocia para evitar medida semelhante

Donald Trump: o presidente dos EUA anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil (Win McNamee/AFP)

Donald Trump: o presidente dos EUA anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil (Win McNamee/AFP)

Publicado em 10 de julho de 2025 às 06h26.

Os mercados internacionais operam em queda nesta quinta-feira, 10, com investidores digerindo os desdobramentos da mais recente ofensiva comercial do presidente dos Estados Unidos, Donald Trump.

Em uma escalada nas tensões tarifárias, Trump anunciou a aplicação de uma tarifa de 50% sobre todas as importações do Brasil, a partir de 1º de agosto. A medida teve impacto imediato nos contratos futuros de ações americanas.

Por volta das 5h50 (horário de Brasília), os futuros do Dow Jones recuavam 0,19%, os do S&P 500 caíam 0,10% e os do Nasdaq 100 operavam em leve baixa de 0,05%.

Analistas apontam que a medida pode ter mais motivações políticas do que comerciais, em meio à insatisfação de Trump com o julgamento do ex-presidente Jair Bolsonaro pelo envolvimento na tentativa de golpe nas eleições de 2022.

Trump afirmou em carta que a nova tarifa é uma resposta ao que chamou de "relacionamento comercial muito injusto" e uma retaliação ao tratamento dado a Bolsonaro, a quem definiu como “aliado político”.

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva reagiu, afirmando que o Brasil é um país soberano e que "qualquer medida de elevação de tarifas de forma unilateral será respondida à luz da Lei brasileira de Reciprocidade Econômica."

Em postagem nas redes sociais, rebateu o argumento de Trump sobre um suposto déficit comercial. Dados do governo americano mostram que, em 2024, os EUA tiveram superávit de US$ 7,4 bilhões na balança comercial com o Brasil.

O presidente Lula disse ainda que o processo contra o ex-presidente Jair Bolsonaro é "de competência apenas da Justiça Brasileira" e que as empresas americanas precisam seguir a lei do país.

A decisão também inclui uma tarifa de 50% sobre as importações de cobre, conforme anunciado por Trump na quarta-feira, 9. Segundo ele, o metal é essencial para a segurança nacional americana, sendo usado em baterias, sistemas de defesa, centros de dados e armas hipersônicas. A declaração foi feita em sua rede social, ao justificar o aumento sobre o que chamou de “material estratégico”.

Impasse com a União Europeia

Enquanto o Brasil já recebeu a notificação oficial, a União Europeia ainda tenta evitar um cenário semelhante. Trump indicou que as negociações estão em estágio avançado e sugeriu que um acordo com Bruxelas pode ser alcançado “nos próximos dois dias”. Segundo ele, o tom das conversas mudou e os europeus estariam agora “tratando os Estados Unidos muito bem”.

Apesar do otimismo da Casa Branca, ainda não há carta formal enviada ao bloco europeu. A expectativa é de que a UE aceite uma tarifa-base de 10%, abaixo dos 50% inicialmente cogitados por Trump, na tentativa de preservar acesso a mercados sensíveis, como o agrícola e o automotivo. “Os europeus podem lidar com isso, mas é o consumidor americano que pagará a conta”, afirmou Peter Chase, do German Marshall Fund, em entrevista à CNBC.

O clima mais construtivo entre os dois lados ajuda a sustentar os principais índices europeus. O Stoxx 600 subia 0,57% no início da manhã, enquanto o CAC 40, da França, avançava 0,68%.

O FTSE 100, do Reino Unido, renovava máximas históricas, com alta de 1,10%, impulsionado por ações de mineradoras como Anglo American, Rio Tinto e Glencore. O setor se beneficia diretamente da valorização do cobre, cujos contratos futuros nos EUA subiam 2,5% nesta manhã, após a confirmação da tarifa.

Bolsas da Ásia

Na Ásia, os mercados encerraram majoritariamente em alta, com exceção do Nikkei 225, no Japão, que caiu 0,44%. Na China, o índice de Xangai avançou 0,48% e o CSI 300 ganhou 0,47%, com apoio de expectativas de estímulo ao setor industrial. O Hang Seng, em Hong Kong, teve alta de 0,57%. Já o índice australiano S&P/ASX 200 subiu 0,59%.

Na Coreia do Sul, o Kospi subiu 1,58%, em meio à decisão do banco central de manter os juros em 2,5%, menor nível em quase três anos.

O mercado vietnamita também se destacou, com alta de 0,78% no VN-Index, após o país assinar um acordo com os EUA para estabelecer uma tarifa de 20%, tornando-se o primeiro do Sudeste Asiático a fechar um pacto com Washington. Em relatório, o JPMorgan elevou sua recomendação para ações vietnamitas, citando o crescimento de quase 8% do PIB no segundo trimestre.

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