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Franklin Templeton vê Brasil "muito barato" após avalanche de resgates

Gestora alerta que ganhos só serão sustentados no médio prazo caso a trajetória fiscal do Brasil após as eleições de outubro seja positiva

Painel de cotações da B3 | Foto Germano Lüders/EXAME (Germano Lüders/Exame)
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Bloomberg

Publicado em 27 de janeiro de 2022 às 16h44.

Última atualização em 27 de janeiro de 2022 às 17h10.

A recuperação recente que transformou a bolsa brasileira em um dos mercados acionários globais com melhor performance no começo deste ano ainda não terminou, de acordo com a gestora Franklin Templeton.

“Vejo um potencial de recuperação gigantesco”, disse Frederico Sampaio, que administra cerca de R$ 3,5 bilhões do escritório da empresa em São Paulo. “Os preços ainda estão desajustados por conta dessa avalanche de resgates,” com os investidores sacando dinheiro dos fundos locais focados em ações, forçando gestores a reduzir ou zerar posições, disse ele, em entrevista. “O Brasil continua muito barato.”

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Os fundos de ação locais registraram resgate líquido de R$ 6,5 bilhões neste mês até 21 de janeiro, após uma saída de R$ 3,4 bilhões em dezembro, segundo a Anbima. A pressão vendedora por parte dos institucionais domésticos se somou a perspectivas de crescimento mais fraco, juros mais altos e incerteza eleitoral, levando os valuations ao menor nível em uma década.

Mas enquanto os locais ficam de lado, os investidores estrangeiros têm mapeado oportunidades no Brasil à medida que se afastam de ações de alto crescimento e apostam em nomes de valor. Eles colocaram cerca de R$ 23 bilhões em ações na B3 nas últimas semanas, de acordo com dados compilados pela Bloomberg.

Sampaio tem favorecido nomes no setor de commodities, como Suzano (SUZB3), Petrobras (PETR3/PETR4) e Vale (VALE3), empresas de saúde como Hapvida (HAPV3) e ações ligadas ao tema de tecnologia, incluindo Locaweb (LWSA3) e Magazine Luiza (MGLU3).

Apesar dos múltiplos baratos, a lista de riscos é grande. Mark Mobius, investidor veterano de países emergentes, disse que o cenário para o Brasil é “um pouco nublado” em meio a uma alta de juros global e a um ambiente político incerto. Recentemente, o Fundo Monetário Internacional revisou suas projeções para o crescimento da economia brasileira, prevendo expansão de apenas 0,3% em 2022.

Para que os ganhos sejam sustentados no médio prazo, muito dependerá de como será a trajetória fiscal do Brasil após as eleições de outubro, segundo Sampaio. No curto prazo, porém, há espaço para uma “recuperação tática” continuar, disse Sampaio. “Mesmo que o cenário macro pareça medíocre, o que aconteceu com os preços das ações foi desproporcional.”

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