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Fleury tem lucro estável no trimestre, de R$ 96,7 mi, e garante que apetite por crescimento continua

Jeane Tsutsui, CEO do Fleury, afirma que novas ações cumprem papel de continuar com crescimento orgânico e inorgânico ao longo de 2023

Fleury: incorporação de Hermes Pardini vai "mudar cia de patamar", na visão de CEO (Germano Lüders/Exame)

Fleury: incorporação de Hermes Pardini vai "mudar cia de patamar", na visão de CEO (Germano Lüders/Exame)

KS

Karina Souza

Publicado em 3 de novembro de 2022 às 19h30.

Última atualização em 3 de novembro de 2022 às 19h52.

O Fleury mostrou, no balanço do terceiro trimestre, que ainda consegue trazer um ganho (mesmo que discreto) de rentabilidade em meio à intensa agenda de crescimento. Nos três meses encerrados em setembro, o lucro líquido da companhia ficou 0,3% maior e chegou a R$ 96,7 milhões. É um resultado que vem em meio a uma receita recorde para o período, de R$ 1,2 bilhão, que por sua vez reflete crescimento de 11,4% na comparação com os mesmos três meses de 2021. O serviço da dívida, como já virou hábito dizer em 2022, é um dos principais responsáveis pela distância entre a primeira e a última linhas do balanço.

Para trazer alguma comparação de como a companhia vem se saindo sob patamares de juros similares, é possível comparar o trimestre atual com o anterior (tendo em vista que ambos constituem o período de pico da demanda para a rede). No segundo trimestre, o Fleury teve uma receita bastante similar à registrada agora, apenas 3% menor, e, na época, entregou um lucro líquido 27% menor do que o registrado agora – o que ajuda a identificar ganhos de eficiência.

Vale lembrar que é uma comparação para trazer uma noção sobre o desempenho da empresa ao longo do ano, uma vez que, no terceiro trimestre, a companhia agregou outras três ao próprio portfólio: a Retina Clinic (de oftalmologia, em São Paulo), o Méthodos Laboratório (de análises clínicas no sul de Minas Gerais) e concluiu a aquisição da Saha (de infusões de medicamentos em São Paulo). Além disso, inaugurou outras três unidades da marca de diagnósticos Campana e uma série de clínicas de ortopedia, oftalmologia e infusão, dentro da vertical “Novos Elos”.

Ainda em relação à eficiência operacional no trimestre, o Ebitda recorrente da companhia ficou 10,5% maior ante o mesmo período de 2021, totalizando R$ 332,4 milhões. A margem Ebitda teve queda de 0,2 ponto percentual no período e, a bruta, de 0,6 ponto percentual, um reflexo pontual da agenda de crescimento, segundo a empresa. 

Uma agenda, aliás, que não deve cessar tão cedo, segundo Jeane Tsutsui, CEO do Fleury. Em entrevista à EXAME Invest, a executiva reforçou que os planos de expansão seguem a todo vapor, sejam eles resultado de estratégias orgânicas ou inorgânicas. Questionada a respeito do aumento de capital anunciado recentemente — em meio ao cenário macro ainda de juros altos e às expectativas divididas sobre retorno — a executiva reforça que o fato já havia sido anunciado desde a aquisição de Hermes Pardini e que o dinheiro faz sentido dentro da estratégia que a companhia quer seguir. 

“Quando a gente vê que tem uma parte de Pardini, de R$ 273 milhões, a ser paga em dinheiro, outros R$ 120 milhões da compra do Saha e o crescimento orgânico para capturar market share, é um movimento que traduz mais uma adequação da nossa estrutura para que a gente continue com essa estratégia de crescimento”, afirma. De acordo com os resultados apresentados nesta quinta-feira, a alavancagem da companhia está em 1,7 vez. Longe de ser preocupante, dados os covenants de 3 vezes estabelecidos por instrumentos de dívida. 

Olhando para a dívida líquida, o dinheiro a mais vem, de todo modo, em bom momento: a maior parte dos compromissos está prevista para vencer entre o quarto trimestre de 2022 e o terceiro trimestre de 2023, quando devem ser amortizados R$ 559,5 milhões. O caixa da empresa estava, no trimestre, em R$ 894,1 milhões. 

Soma-se a isso a despesa financeira da companhia, consideravelmente maior por causa da estratégia de crescimento e dos juros mais altos. No período, ficou em R$ 99,4 milhões, mais do que dobrando em relação ao mesmo período do ano anterior. No segundo trimestre — de novo, em uma tentativa de ver bases de comparação sob patamares de juros similares — a despesa foi de R$ 86,3 milhões.

No período, os investimentos da companhia somaram R$ 105,8 milhões, aumento de 16,5% em relação ao mesmo período do ano passado. As principais frentes a receberem esse dinheiro foram TI/Digital e, é claro, principalmente novas unidades.

Daqui para frente

Em relação ao futuro, Tsutsui ressalta o potencial que a combinação de negócios com o grupo Hermes Pardini (caso aprovada pelo Cade sem restrições) pode trazer para o grupo. Em 2021, o Fleury teve R$ 4,2 bilhões de receita e o grupo adquirido, R$ 2,1 bilhões. Isso sem falar no potencial de rentabilidade. A executiva volta a lembrar que há uma estimativa inicial de agregar R$ 160 milhões a R$ 190 milhões em Ebitda por ano. Os fatores, combinados, já seriam responsáveis por mudar o Fleury de patamar para os próximos anos, segundo a CEO. 

“Além disso, no orgânico, temos aumentado a oferta de serviços. Sempre trazemos inovação e ampliamos o relacionamento com os médicos, vamos abrindo unidades onde vemos que há espaço. Abrimos três unidades Campana e devemos abrir outras três até o fim do ano. Também vamos fortalecer o pipeline de ativos de medicina diagnóstica e novos elos para mantermos o crescimento”, diz.

São unidades que trazem resultados trimestre após trimestre. A vertical de novos elos cresceu 16,8% na comparação anual e hoje já representa 7,2% do total do grupo. O atendimento móvel cresceu 36,6% na comparação anual e já representa 9% do bolo total. A maior segue sendo a de medicina diagnóstica, que teve receita bruta de R$ 986,2 milhões no período, crescimento de 17,7% na comparação com o mesmo período do ano passado.

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