Feirão (de ações): Caixa pretende listar sua subsidiária de seguros listagem no Novo Mercado, segmento de mais alta governança da bolsa brasileira (Arquivo/Agência Brasil)
Natália Flach
Publicado em 13 de agosto de 2020 às 11h01.
Última atualização em 13 de agosto de 2020 às 11h31.
A Caixa está se preparando para um novo tipo de feirão. Em vez de imóveis, o banco vai vender ações de subsidiárias e de investidas, como Banco Pan. Ontem, a unidade de seguros, Caixa Seguridade, protocolou na Comissão de Valores Mobiliários (CVM) o pedido da retomada do processo de oferta pública de distribuição secundária de ações ordinárias (IPO, na sigla em inglês) e listagem no Novo Mercado, segmento de mais alta governança da bolsa brasileira. A abertura de capital foi suspensa em março por causa da pandemia do novo coronavírus. Na época, a expectativa era levantar até 15 bilhões de reais. A espera, no entanto, pode resultar em um ganho ainda maior.
Isso porque a Caixa deu um salto nos últimos meses em número de clientes pelo repasse do auxílio emergencial. São mais de 65 milhões de beneficiários que, em algum momento, poderão usar os 600 reais para comprar microsseguros, por exemplo. A ideia da Caixa é oferecer seguros populares, a partir de 5 reais, para essa parcela da população que perdeu o emprego ou trabalha como autônoma.
Outro produto que está pronto, à espera da estabilidade do sistema do aplicativo Caixa Tem, é o cartão de crédito — com implicações positivas para a subsidiária de cartões da Caixa, que deve fazer seu IPO no fim de 2020 ou no ano que vem. O ministro da Economia, Paulo Guedes, é um grande entusiasta das aberturas de capital da Caixa Seguridade e da Caixa Cartões.
Mas, para além dos IPOs, o banco continua empenhado em vender sua participação no Banco Pan, que é controlado em parceria com o BTG Pactual (mesmo grupo controlador da EXAME). “Já vendemos a primeira tranche e estamos analisando potencialmente levar a mercado uma segunda tranche. Queremos sair do Pan até o fim do governo Bolsonaro”, afirmou Pedro Guimarães, presidente da Caixa, em entrevista à EXAME em julho. “Para a gente não faz sentido ter participação no banco. Nós fazemos consignado e eles também. Não queremos financiar motos, que é outra linha importante deles”, acrescenta.
De acordo com reportagem da Reuters, a Caixa está discutindo com bancos de investimento a venda de participação de aproximadamente 800 milhões de reais em ações preferenciais que possui no Banco Pan. BTG Pactual, Itaú BBA, Credit Suisse e a própria Caixa devem ser os coordenadores da oferta. O objetivo da Caixa é se desfazer apenas das 89,6 milhões de ações preferenciais no Pan, mas manter suas ações ordinárias na instituição.