SVB: banco quebrou em março (Pavlo Gonchar/SOPA Images/LightRocket/Getty Images)
Agência de notícias
Publicado em 28 de abril de 2023 às 14h35.
Última atualização em 28 de abril de 2023 às 14h48.
O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) responsabilizou a gestão do Silicon Valley Bank (SVB) pelos eventos que culminaram na quebra do banco em março, mas reconheceu ter falhado no papel de forçar a instituição financeira a corrigir as vulnerabilidades.
A conclusão aparece em relatório de cerca de 100 páginas sobre o colapso do SVB, divulgado nesta sexta-feira, 28, após um trabalho de revisão conduzido pelo vice-presidente de supervisão do Fed, Michael Barr. Segundo o documento, o Silicon Valley Bank era uma empresa "altamente vulnerável", com um modelo de negócios excessivamente concentrado no setor de tecnologia e uma elevada base de depósitos sem a proteção de seguro.
À medida que os juros subiram nos Estados Unidos, o portfólio da companhia ficou exposto, o que deflagrou uma fuga de depósitos.
O Fed explica que as autoridades de supervisão identificaram os problemas, mas foram lentas em exigir que o SVB cumprisse as exigências de liquidez e capital.
Para a instituição, o processo foi "muito deliberativo" e focado em acumular evidências antes de agir. O banco central americano, em particular, avalia que não foi capaz de perceber a seriedade das deficiências na governança e gestão de riscos do banco.
"Esses julgamentos significaram que o Silicon Valley Bank permaneceu bem avaliado, mesmo com a deterioração das condições e risco significativo para a segurança e solidez da empresa", ressalta o relatório.
Fundado em 1983 na Califórnia, o Silicon Valley Bank fornece crédito para startups. Segundo o SVB, o banco forneceu crédito para 44% das startups de tecnologia e heath techs listadas na bolsa americana no último ano. Além dos Estados Unidos, o SVB tem ação global, em países como Alemanha, Canadá, China, Dinamarca, Índia, Israel, Reino Unido e Suécia.
Em março, o SVB anunciou que pretendia levantar US$ 2,25 bilhões. O capital extra ajudaria a instituição a lidar com a queima de caixa acelerada de seus clientes em meio a um ambiente de juros altos.
O plano do SVB seria oferecer US$ 1,25 bilhão em venda de ações ordinárias e mais US$ 500 milhões em ações preferenciais conversíveis obrigatórias. O fundo General Atlantic concordou que compraria outros US$ 500 milhões em ações ordinárias do banco, fechando o valor estimado.
O anúncio, porém, causou pânico entre os investidores e desembocou em uma crise de liquidez com clientes retirando os recursos do SVB. Na bolsa, as ações desabaram 87% durante a ocasião.