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EUA pode ter que subir juro antes do previsto, diz ex-Fed

Em evento do BTG Pactual, William Dudley alerta que pressões salariais e expectativas de inflação podem levar Fed a ter que agir mais cedo

William Dudley: ex-presidente do Fed de Nova York (Simon Dawson/Bloomberg via/Getty Images)

William Dudley: ex-presidente do Fed de Nova York (Simon Dawson/Bloomberg via/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 14 de setembro de 2021 às 16h39.

O presidente do Federal Reserve (Fed) de Nova York entre 2009 e 2018, William Dudley acredita que os Estados Unidos terão que elevar a taxa de juros “mais cedo do que as pessoas imaginam”.  No MacroDay, evento realizado pelo BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da Exame) nesta terça-feira, 14, Dudley disse que a necessidade de subir juros deve partir da piora das expectativas inflacionárias e da alta dos salários americanos. 

Embora dados de criação de empregos no país do último mês tenham frustrado as expectativas, ex-presidente do Fed de Nova York avalia que o mercado de trabalho possa estar mais aquecido do que aparenta. 

“Ainda estamos com 6 milhões de vagas a menos do que em fevereiro de 2020 (pré-pandemia). Mas o número de vagas não preenchidas está maior do que nunca. O risco é descobrir que o mercado de trabalho está mais apertado do que imaginava. Nesse caso, o Fed vai ter que mexer nas taxas”, afirma Dudley. 

Na ata de sua última reunião, o Fed classificou a variante delta como obstáculo à criação de empregos, mas expressou maior apoio ao início da retirada de estímulos via compra de ativos, o tapering - confirmado pelo chairman Jerome Powell, em Jackson Hole.

O tapering, segundo Dudley, será o primeiro passo dos preparativos para a alta de juros - embora o próprio Fed tenha se esforçado para desassociar esta relação. 

“Tem gente no Fed que acha que pode chegar ao ponto [de subir juro] no segundo semestre do ano que vem . Se esse é o caso, é preciso que esse ajuste [tapering] tenha sido completado até lá. Seria esquisito para o Fed continuar comprando ativos e ao mesmo tempo aumentando taxa de juros de curto prazo”, disse. 

Essa injeção de dinheiro, por sinal, é o que tem ajudado a manter o rendimento dos títulos americanos de 10 anos próximo de 1,2%, mesmo com a inflação ao consumidor em 5,3% no acumulado de 12 meses. “O quantitative easing teve efeito mais forte do que esperávamos, mas o Fed terá que desligar essa chave muito em breve.”

Por outro lado, Dudley espera um processo de retirada de estímulos mais brando do que o realizado em 2013, quando provocou fortes turbulências no mercado. "Agora é diferente. O Fed tem sido muito cauteloso, para mostrar que estão cientes sobre o que houve em 2013 e querem que o processo seja muito mais suave desta vez."

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