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Estímulo trilionário da China é uma "tremenda fake news", diz Rogério Xavier, da SPX

Pessimista sobre o futuro da economia chinesa, gestor alerta investidores: "não esperem nada do lado do consumo"

Rogério Xavier, da SPX: "Me disseram que a China não fará programas de transferência de recursos, como o Brasil faz. Portanto, não esperem nada do lado do consumo" (SPX/Divulgação)

Rogério Xavier, da SPX: "Me disseram que a China não fará programas de transferência de recursos, como o Brasil faz. Portanto, não esperem nada do lado do consumo" (SPX/Divulgação)

Publicado em 14 de outubro de 2024 às 17h15.

Última atualização em 14 de outubro de 2024 às 17h21.

Poucos temas têm atraído tanta atenção do mercado financeiro nas últimas semanas quanto os potenciais planos do governo chinês para impulsionar o crescimento local. Apesar das primeiras medidas anunciadas, que incluem queda de juros e liquidez para empresas comprarem ações, Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX Capital, mantém uma visão pessimista sobre os rumos da maior economia da Ásia.

"Estou impressionado com o pessimismo dos próprios chineses em relação ao país. A China enfrenta um esgotamento do seu modelo, que se baseia no aumento da oferta", afirmou Xavier, um dos gestores mais influentes do mercado brasileiro, durante evento organizado pelo Itaú.

Nesta segunda-feira, uma notícia publicada pelo jornal chinês Caixin Global movimentou os mercados ao afirmar que o governo chinês planeja um estímulo de 6 trilhões de yuanes (cerca de US$ 850 bilhões) por meio da emissão de títulos. Xavier, porém, classificou a reportagem, que cita fontes anônimas, como "uma tremenda fake news".

Segundo o Caixin, o plano seria distribuir o estímulo ao longo de três anos, com o objetivo de socorrer governos regionais que, segundo Xavier, "estão quebrados".

As especulações sobre o volume dos estímulos aumentaram desde sábado, quando o Ministério das Finanças prometeu, em entrevista coletiva, apoiar governos locais na redução da pressão da dívida, sem especificar valores.

Entretanto, a maior expectativa dos investidores recai sobre estímulos ao consumo interno, que tem mostrado fraqueza diante da desvalorização dos imóveis e do aumento do endividamento na economia chinesa. Parte do mercado acredita que, dependendo dos canais utilizados, os estímulos poderiam gerar efeitos multiplicadores significativos. Xavier, no entanto, mantém-se cético.

Ele compartilhou que, segundo conselheiros do governo chinês, o consumo só será impulsionado após as empresas locais (focadas em exportações) gerarem impacto no PIB e, consequentemente, na renda das famílias.

"Me disseram que a China não fará programas de transferência de recursos, como o Brasil faz. Portanto, não esperem nada do lado do consumo."

Efeito sobre o Brasil

O pessimismo de Xavier em relação à China se reflete também na sua visão para o Brasil.

"A China é muito importante para o Brasil. Como estou pessimista com a China, espero uma desvalorização adicional do real frente ao dólar. Além disso, há o risco Brasil."

Sua maior preocupação no contexto brasileiro é a falta de medidas concretas para a redução de gastos públicos e o controle fiscal. "Apesar de a Moody's ter dado um upgrade para o Brasil, eu dou downgrade para Brasília a cada nova notícia", afirmou Xavier.

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