Elon Musk, fundador da SpaceX e e CEO da Tesla (TLSA34) (Pool / Equipe/Getty Images)
Quando Elon Musk anunciou a intenção de comprar o Twitter, no começo de abril, em nome da liberdade de expressão, muita gente começou a protestar de imediato.
Famosos, esportistas, atores, influenciadores, jornalistas e até políticos manifestaram sua oposição a compra, por razões muito diferentes.
Em primeiro lugar, pela personalidade "intensa" de Musk, o empresário mais visionário entre os visionários. Uma personagem com uma personalidade tão forte que incomodou por si só.
Mas muita gente não gostou da "liberdade absoluta" que o CEO da Tesla (TSLA34) quer para o Twitter. Pois, segundo ele, a plataforma estaria perdendo dinheiro por causa da censura imposta ao debate entre os usuários.
Além dessa críticas generalistas, existem oposições pontuais vindo de cada categoria diferente. Por exemplo, os políticos americanos.
Musk é particularmente detestado por democratas e republicanos que temem a volta de Donald Trump ao Twitter. O empresários afirmou várias vezes abertamente que a rede social deve limitar ao máximo a moderação de qualquer coisa que não seja abertamente ilegal. Ou seja, a ideia que irá levar adiante é de uma plataforma neutra e gratuita.
Uma ideia antiga, cujas origens são logo no começo da aventura das redes sociais. Mas que foi abalada após os escândalos do Facebook sobre as eleições americanas e as campanhas de desinformação. Com isso, nos últimos anos começou um debate - que ainda não terminou - sobre qual seriam as melhores regras para as redes sociais, que são de fato lugares onde circulam notícias, as vezes falsas e que, portanto, exigem moderação de conteúdo.
A questão é que ainda não se encontrou um equilíbrio entre responsabilidade das redes sociais e a do usuário que gera o conteúdo. Diferente, por exemplo, de um veículo de mídia tradicional, onde o diretor e o editor são responsáveis - civilmente e criminalmente - junto ao jornalista pela difusão de notícias falsas.
Por isso, a maior crítica que alguns políticos fazem para essa ideia de total liberdade é que seria uma volta ao "vale tudo", com políticos que podem escrever qualquer coisa sem maiores consequências.
Mas além da classe política americana, alguns dos anunciantes também não gostaram da compra do Twitter pelo Musk. De acordo com o Wall Street Journal, se a conta do ex-presidente Trump no Twitter voltar ativa após a conclusão da aquisição, várias empresas planejam suspender os gastos com anúncios na plataforma.
Sem contar as empresas concorrentes da Tesla, como as montadoras de carros, que estariam prontas a bloquear qualquer gasto publicitário. A General Motors (GM), concorrente direta na produção de veículos elétricos, já anunciou o fim da propaganda no Twitter.
Musk terá que enfrentar a oposição também de membros do Conselho de Administração, executivos de alto escalão e até dos funcionários.
Em abril, logo após o anúncio da compra, o Conselho do Twitter rapidamente aprovou algumas "poison pills", regras extraordinárias para limitar a possibilidade que um único acionista da empresa pudesse assumir o controle da rede social ao adquirir mais ações no mercado. Evidentemente, não adiantou.
Mesmo assim, alguns conselheiros, a título pessoal, continuaram a se manifestar contra a entrada do CEO da Tesla no capital do Twitter. Uma antipatia, como os eventos demonstraram, abundantemente retribuída por Musk, que como primeira decisão poucas horas após ter comprado a empresa demitiu vários executivos, iniciando pelo CEO Parag Agrawal e passando pela diretora de assuntos jurídicos, Vijaya Gadde.
Os 7,5 mil funcionários, por sua vez, teriam expressado medo e preocupação após as declarações recentes de Musk sobre possíveis cortes maciços de orgânico. Alguns colaboradores do Twitter teriam expressado suas críticas e perplexidades no canal #Stonks do Slack dedicado à empresa. O péssimo desempenho das ações da rede social nas últimas sessões da Nasdaq também corroboraria esses temores.
Por último, estrelas, famosos, jornalistas e VIPs de vários tipos não gostam de Musk. Isso pois ainda não está claro como o bilionário vai querer administrar a empresa e se isso vai prejudicar os negócios de quem, como os influenciadores, construiu carreiras (e fortunas) na rede social.
Há todo um mundo que tem medo de perder visibilidade com as novas regras escolhidas por Musk, que poderia mudar o algorítimo para “desintermediar” ou pior, “mediar” seus perfis.
O executivo já deixou claro que uma de suas prioridades será resolver o problema das contas falsas, melhorar o desempenho econômico dos anúncios exibidos na rede social e possivelmente introduzir alguns recursos pagos. O Twitter atualmente tem mais de 200 milhões de usuários ativos diariamente e em 2021 registrou um faturamento de US$ 5 bilhões. No entanto, é uma rede social estagnada, que não atrai as novas gerações e não encontra novas fontes de financiamento.
Por isso, poderia ser o momento de mudar o modelo de negócio do Twitter. Algo absolutamente rotineiro para um empresário serial como Musk. Mas quase um anátema para hordas de influenciadores, temorosos de perder sua fonte de renda.