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Oportunidade imperdível e BC ‘no corner’: Stuhlberger e Xavier já veem aumento da Selic

“Galípolo diz que vai subir juros até em baile de debutante, sem ninguém perguntar”, diz gestor do Verde

Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX: "Passar os próximos quatro anos na dúvida se este BC é independente ou não? Tira essa questão da frente e segue em frente. É uma oportunidade imperdível de puxar os juros" (Germano Lüders/Exame)

Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX: "Passar os próximos quatro anos na dúvida se este BC é independente ou não? Tira essa questão da frente e segue em frente. É uma oportunidade imperdível de puxar os juros" (Germano Lüders/Exame)

Publicado em 20 de agosto de 2024 às 18h27.

Última atualização em 20 de agosto de 2024 às 21h19.

Rogério Xavier, sócio-fundador da SPX, uma das mais influentes gestoras do país, acredita que a próxima reunião de política monetária representa uma oportunidade "imperdível" para o Banco Central aumentar a taxa de juros.

A discussão, que até o mês passado era considerada incipiente no mercado, ganhou força após a ata da última decisão do Comitê de Política Monetária (Copom) ter sinalizado a possibilidade de um novo ciclo de alta de juros. Declarações de Gabriel Galípolo, diretor do BC e cotado para assumir a presidência da autarquia, também reforçaram as expectativas de aumento da taxa.

Na avaliação de Xavier, um aumento dos juros aumentaria a credibilidade da futura composição do Copom, que passará a ter maioria composta por indicados do atual presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Vale destacar que essa credibilidade, já questionada, foi ainda mais abalada na decisão de maio, quando a parte indicada por Lula votou por um corte de juros mais agressivo, enquanto os antigos diretores optaram por um corte mais conservador, de 0,25 ponto percentual.

Xavier projeta que um ciclo de alta de juros "pequeno" seria "benéfico para o Brasil" por criar espaço para cortes de juros no ano que vem sem contestação do mercado. "Passar os próximos quatro anos na dúvida se este BC é independente ou não? Tira essa questão da frente e segue em frente. É uma oportunidade imperdível de puxar os juros", afirmou Xavier durante participação no Macro Day, evento organizado pelo banco BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME).

O gestor destacou ainda que parte da forte valorização do dólar acumulada no ano foi motivada pela falta de credibilidade na futura composição do BC.

Cão que ladra…

Luis Stuhlberger, sócio-fundador da Verde Asset Management, avalia que as falas mais incisivas de Galípolo, que chegou a considerar um aumento dos juros "se necessário", desempenharam um papel importante na desvalorização do dólar, que caiu de R$ 5,70 para R$ 5,40.

“O Galípolo está dizendo que vai subir a taxa de juros até em baile de debutante, sem ninguém perguntar”, afirmou o gestor, para quem as declarações deixaram o Banco Central “no corner”. “Não dá pra ser um cachorro que ladra, ladra e não morde.”

Questionado por André Esteves, chairman do BTG Pactual, se a função da comunicação do BC não era exatamente “ladrar para não precisar morder”, Stulhberger devolveu: “Até o mercado se dar conta que ele não morde mesmo”.

André Jakurski, da JGP, vai na mesma linha e diz chegou-se a um cenário improvável no qual hoje Galípolo é visto como “hawkish” e Roberto Campos Neto como “dovish”

Diante das recentes declarações do possível futuro presidente do BC, economistas têm revisado suas projeções para a Selic no final deste ano.

Nesta semana, BTG e XP Investimentos alteraram suas estimativas, passando a incorporar um cenário de elevação da Selic de 10,5% para 12%.

Para Stuhlberger, que também participou do Macro Day, essa elevação dos juros "faz diferença no carry trade", o que tende a favorecer a valorização do real.

O carry trade é uma estratégia financeira utilizada no mercado de câmbio que envolve o empréstimo de dinheiro em uma moeda com uma taxa de juros baixa e o investimento desse capital em uma moeda ou ativo que oferece uma taxa de juros mais alta.

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