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Dólar tem maior sequência de quedas desde 2016: até onde vai?

Moeda americana cai para R$ 5,45, o menor patamar em dois meses, diante da percepção de investidores de que há algum alívio fiscal

Moeda americana recua há sete dias consecutivos e cai ao menor patamar em dois meses (halduns/Getty Images)
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Da Redação

Publicado em 22 de abril de 2021 às 20h33.

Última atualização em 22 de abril de 2021 às 20h35.

Da Reuters: O dólar sofreu nesta quinta-feira, 22, a maior queda desde o fim de março, e fechou no menor patamar em dois meses, em 5,45 reais. O movimento aconteceu com fortes vendas da moeda americana decorrentes de uma combinação de ajuste pós-feriado, fluxo positivo e desmonte de posições em meio à percepção de algum alívio do lado fiscal brasileiro.

Segundo analistas, o câmbio mostrou um "catch-up", ou seja, ajustou-se à queda do dólar contra pares na quarta-feira, 21, dia sem negociação no mercado doméstico por causa do feriado de Tiradentes.

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Esse efeito foi potencializado na parte da tarde pelo fluxo de recursos de exportadores, que têm mantido volume importante de suas receitas no exterior. Há no mercado a expectativa de aceleração de ingressos por meio dessa conta, com cenário de crescimento das exportações -- no começo de abril, o governo revisou para cima suas estimativas para a balança comercial e passou a projetar superávit recorde para 2021.

O desfecho menos caótico da crise do Orçamento -- com ampla expectativa de sanção do texto pelo presidente Jair Bolsonaro -- abriu a porta para notícias do lado das reformas, devolvendo algum otimismo aos investidores. Eles voltam as atenções neste momento a relatos sobre a proposta de privatização dos Correios e ao andamento dos trâmites da reforma administrativa.

O dólar à vista caiu 1,67%, para 5,4558 reais na venda. Foi a maior baixa percentual diária desde 31 de março (-2,23%) e o menor nível desde 24 de fevereiro (5,4219 reais).

Sete quedas seguidas

A moeda engatou a sétima desvalorização seguida, período no qual perdeu 4,72%. A série negativa é a mais longa desde as mesmas sete quedas consecutivas registradas entre 5 e 13 de dezembro de 2016.

Para Bernardo Zerbini, um dos responsáveis pela estratégia macro da gestora AZ Quest, o câmbio está entrando em uma "janela benigna" que, se estendida, pode terminar com o dólar cotado entre 5,35 reais e 5,40 reais.

"Estamos aumentando posições cautelosamente otimistas principalmente em bolsa e câmbio", disse. "Tínhamos uma posição um pouco menor no real e agora aumentamos. Estavam exageradas as medidas de preço (da taxa de câmbio), considerando métricas como termos de troca e outras", afirmou.

Várias instituições financeiras têm dito que o real é ou está entre as moedas mais baratas do mundo emergente, depois de depreciar mais de 20% no ano passado e cair mais 5% em 2021. Antes da sequência de quedas, a depreciação chegava perto de 10% neste ano.

A Rio Bravo Investimentos também vê espaço para mais correção para baixo no dólar, mas tem dúvidas sobre a sustentabilidade do movimento.

"Os problemas políticos e fiscais vão continuar, porque é meio que a realidade brasileira. E lá nos Estados Unidos a discussão de inflação, de aumento da curva de juros, dos juros futuros, esfriou bastante, mas é algo que pode voltar ao radar, especialmente com essas novas discussões de estímulos em diferentes frentes nos EUA", disse Evandro Buccini, diretor de renda fixa e multimercado da Rio Bravo Investimentos.

Um cenário favorável ao real, segundo o gestor, é a continuação do ciclo de normalização da Selic, mas sob certas circunstâncias.

"A gente tem que ver como vai se comportar a inflação nessa situação. Se o Banco Central precisar elevar mais os juros por causa de uma inflação que vem com a recuperação econômica, acho que é bom para o câmbio. Além dos juros mais altos, teríamos crescimento", afirmou Buccini.

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