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Dólar sobe mais de 1% com “briga da Ptax" e temores sobre condução fiscal

Mercado internacional ainda sente os efeitos da adoção de meta de inflação média pelo Federal Reserve, mas cenário local pesa sobre negócios

Dólar sobe 1,2% e encerra sendo vendido por 5,481 reais (Adam Gault/Getty Images)

Dólar sobe 1,2% e encerra sendo vendido por 5,481 reais (Adam Gault/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 31 de agosto de 2020 às 17h00.

Última atualização em 31 de agosto de 2020 às 17h45.

O dólar subiu 1,2% e fechou sendo vendido a 5,481 reais nesta segunda-feira, 31, com os negócios influenciados pela “briga da Ptax” de fim de mês, taxa referência para contratos cambiais e pelo temor sobre a condução fiscal do país em meio ao aumento dos gastos do governo.

“Forçaram a Ptax alta. Ficou um pouco mais fácil pela manhã porque o pacote de moedas emergentes não estava favorável pela manhã”, comenta Vanei Nagem, analista da câmbio da Terra Investimentos.

Segundo Jefferson Laatus, estrategista-chefe do Grupo Laatus, a alta do dólar foi mais impactada pela briga da Ptax, mas a questão fiscal também ajudou a pressionar a moeda para cima. "Os estrangeiros estavam comprados em mais de 150 mil contratos de dólar. Isso fez uma força grande no câmbio, mas o fiscal também apertou", comenta.

Nesta segunda, o governo federal apresentou o orçamento de 2021, em que previu déficit primário de 233,6 bilhões de reais, apesar de as expectativas sejam de alta de 3,2% do PIB no próximo ano.

No último pregão, o dólar despencou 3% contra o real, tendo como pano de fundo a adoção da meta de inflação média pelo Federal Reserve (Fed), que deve manter a taxa de juros americana próxima de zero por mais tempo. A medida tende a manter o dólar desvalorizado. A questão fiscal também exerceu pressão sobre a bolsa de valores, com o Ibovespa, principal índice da B3, fechando abaixo dos 100.000 pontos.

No mercado internacional, o índice Dxy, que mede o desempenho da moeda americana contra pares desenvolvidos, teve mais um pregão de queda - o sexto consecutivo. O que ajuda a desvalorizar o dólar no mundo é o recente anúncio do Federal Reserve sobre a adoção da meta de inflação média, que deve manter a taxa de juros americana próxima de zero por mais tempo. Na sexta-feira, esse fator fez com que o dólar despencasse 3% contra o real.

No radar do mercado também esteve o índice de gerente de compras (PMI, na sigla em inglês) industrial da China, que ficou em 51 pontos, acima dos 50 pontos que delimitam a expansão da contração da atividade, mas levemente abaixo da expectativa de 51,2 pontos. Já o PMI composto chinês ficou em 54,5 pontos. Amanhã, será a vez dos PMIs da Europa e dos Estados Unidos serem divulgados.

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