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Dólar sobe e volta à casa dos R$3,70 com receio sobre Previdência

Moeda avançou 1,09% com mercado de olho no cenário externo por possível nova paralisação dos governo dos EUA

Dólar: Moeda norte-americana avançou 1,09% ante o real (Manit Plangklang / EyeEm/Getty Images)

Dólar: Moeda norte-americana avançou 1,09% ante o real (Manit Plangklang / EyeEm/Getty Images)

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Reuters

Publicado em 6 de fevereiro de 2019 às 17h13.

Última atualização em 6 de fevereiro de 2019 às 17h36.

O dólar encerrou em alta frente ao real nesta quarta-feira, na casa dos 3,70 reais, com receios sobre a reforma da Previdência somando-se à maior cautela no exterior, onde o mercado observa uma possível nova paralisação do governo dos Estados Unidos.

O dólar avançou 1,09 por cento, a 3,7065 reais na venda. Na máxima, a moeda chegou a 3,7172 reais e na mínima alcançou 3,6840 reais. O dólar futuro subia 0,97 por cento.

Investidores adotaram tom mais cauteloso do que na véspera em relação ao andamento da reforma da Previdência do governo do presidente Jair Bolsonaro, inclusive vendo possibilidade de atrasos na tramitação e aprovação do texto.

Segundo operadores, há um crescente desgaste no Congresso, reflexo de posicionamentos contundentes de aliados de Bolsonaro mirando partidos da oposição, que pode minar as chances do governo assegurar os votos necessários para aprovar a reforma.

"Esses discursos agressivos da tropa de choque do governo Bolsonaro são ruins para o entendimento. O governo precisa de 320 votos, isso não é fácil. Não é o momento para esse tipo de discurso e isso reverbera no mercado", afirmou o superintendente da Correparti Corretora, Ricardo Gomes da Silva.

O mercado também não vê com bons olhos a divergência na fala de membros do governo sobre os principais pontos da reforma.

Na terça-feira, o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, declarou que a reforma pode ser aprovada até julho, mas que a tramitação seguirá o rito normal, dissipando esperanças de maior celeridade do texto.

Já o ministro da Economia, Paulo Guedes, reforçou que a palavra final será de Bolsonaro, que ainda se recupera da cirurgia em São Paulo, sem previsão de alta.

O mercado passou a ver possibilidade de que a aprovação levará mais tempo do que o estimado por Maia, inclusive em função da internação de Bolsonaro.

"Acho que estão esperando a volta do presidente. Com isso, (Guedes e Bolsonaro) devem ter uma conversa mais firme, também com os presidentes do Senado e Câmara para ver como vão conduzir politicamente a aprovação disso, o que, na minha opinião, vai ser uma briga fantástica", afirmou o consultor de câmbio da Albatross Corretora, João Medeiros.

No exterior, o foco foi o discurso de Estado da União feito por Trump noite de terça-feira, que não ofereceu grandes surpresas, mas não recuou sobre o muro na fronteira com o México. Isso reforçou o temor de nova paralisação no governo dos EUA, com Trump pedindo que democratas e republicanos encontrem um acordo até o prazo final de 15 de fevereiro.

O Banco Central brasileiro vendeu nesta sessão 10,33 mil swaps cambiais tradicionais, equivalentes à venda futura de dólares. Desta forma, rolou 2,065 bilhões de dólares do total de 9,811 bilhões de dólares que vencem em março.

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