(Designed by/Freepik)
Repórter
Publicado em 17 de dezembro de 2025 às 17h26.
O dólar à vista exibiu forte valorização frente ao real nesta quarta-feira, 17, e deu sequência ao movimento de alta das últimas três sessões. A moeda americana encerrou o dia cotada a R$ 5,522, em alta de 1,09%, no maior nível de fechamento desde 1º de agosto, quando terminou a sessão a R$ 5,5445.
A apreciação da divisa foi observada desde os primeiros negócios da sessão. Durante a tarde, o câmbio chegou a bater o valor de R$ 5,531, na máxima do dia. O movimento de alta está em linha com o exterior. No índice DXY, que mede a força do divisa frente a uma cesta de seis moedas de mercados desenvolvidos, o dólar registrava alta de 0,16% às 17h14.
De acordo com Bruno Yamashita, analista de alocação e inteligência da Avenue, essa sequência de altas do dólar está sendo puxada principalmente pelo fator político doméstico devido ao ano pré-eleitoral, mesmo com um cenário externo mais tranquilo.
Por aqui, o avanço da moeda americana ainda reflete a frustração dos agentes financeiros com o cenário eleitoral no Brasil em 2026, que já provocou um forte ajuste nas carteiras na sessão passada.
Ontem, a alta da câmbio se intensificou com a divulgação dos resultados da pesquisa Quaest, que apontou o atual presidente Lula (PT) à frente no primeiro turno contra todos os nomes testados.
O petista também apareceu com 46% das intenções de voto contra 36% de Flávio Bolsonaro (PL) em um eventual cenário de segundo turno para a eleição presidencial 2026.
Por fim, o estudo trouxe dúvidas sobre o cenário que vinha sendo abraçado pelo mercado de uma candidatura de direita projetada no nome do atual governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), ao indicar Flávio como mais competitivo.
"Quando acompanhamos o cenário externo, ele tem se mostrado um pouco mais morno. Apesar da bateria de notícias e de dados econômicos ao longo dessa semana e da decisão de política monetária ao longo da semana passada, esse final de ano está relativamente um pouco mais calmo. Colocando na balança, vemos que o câmbio tem sido afetado mais pelo cenário doméstico brasileiro", afirma Yamashita.
Na economia, o destaque doméstico também foi o fluxo cambial semanal, divulgado na tarde desta quarta.
O Banco Central registrou saída líquida de US$ 1,601 bilhão entre os dias 08 e 12 de dezembro. O saldo é resultado da saída de US$ 3,519 bilhões pela conta financeira e da entrada de US$ 1,918 bilhão pela conta comercial.
Considerando o resultado das duas primeiras semanas do mês, o fluxo cambial aparece como positivo em US$ 3,108 bilhões em dezembro, resultado da entrada de US$ 4,254 bilhões pela conta comercial e da saída de US$ 1,146 bilhão pela conta financeira.
Mas, no acumulado de 2025, o fluxo está negativo em US$ 16,646 bilhões diante da saída de US$ 62,631 bilhões pela conta financeira e da entrada de US$ 45,984 bilhões pela conta comercial. Segundo operadores, a saída de capital estrangeiro típica desta época de fina de ano deve pesar.
Relatório do BTG Pactual (do mesmo grupo controlador da EXAME), publicado no dia 3, apontou que, mesmo após um novembro positivo — marcado por entradas robustas no comércio exterior, que compensaram a saída de US$ 3,1 bilhões no segmento financeiro — dezembro deve registrar um fluxo líquido negativo.
A previsão é de uma saída de US$ 6,9 bilhões, concentrada justamente nos pagamentos de dividendos e juros sobre capital próprio.