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Dólar cai 6,6% na semana e fecha abaixo dos R$ 5 pela 1ª vez desde março

Estados Unidos registra redução do desemprego e endossa expectativa de recuperação econômica

Dólar: moeda caminha para fechar em queda pela terceira semana consecutiva (halduns/Getty Images)

Dólar: moeda caminha para fechar em queda pela terceira semana consecutiva (halduns/Getty Images)

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Guilherme Guilherme

Publicado em 5 de junho de 2020 às 17h10.

Última atualização em 5 de junho de 2020 às 17h46.

O dólar voltou a fechar em forte queda, após os Estados Unidos, surpreendentemente, registrarem queda do desemprego no mês de maio. O resultado foi considerado um dos melhores da história, dada as circunstâncias. Com isso, a moeda americana rompeu a barreira dos 5 reais e fechou abaixo desse patamar pela primeira vez desde 26 de março. Nesta sexta-feira, 5, o dólar comercial caiu 2,8% e encerrou sendo vendido a 4,988 reais. Na semana, a desvalorização foi de 6,6%. O dólar turismo recuou 3%, cotado a 5,24 reais.

Nesta manhã, o Departamento de Trabalho dos Estados Unidos divulgou o payroll de maio, que apontaram crescimento do mercado de trabalho, pegando o mercado de surpresa. Enquanto se esperava a perda de até 8 milhões de postos, foram criados 2,5 milhões, reduzindo a taxa de desemprego de 14,7% para 13,3%. Pelas projeções do mercado, o desemprego saltaria para 19,7%.

“Foi o melhor payroll da história. Absolutamente todo mundo errou [as projeções]. Todos os analistas erraram muito”, afirmou Jason Vieira, economista-chefe da Infinity Asset. Segundo ele, isso foi possível graças a dinâmica do mercado de trabalho americano. "Lá eles destroem e criam empregos em uma velocidade muito forte."

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"Os números vieram extremamente melhores. A expectativa era de uma queda severa do mercado de trabalho. A diferença foi de 10 milhões de empregos. O mercado está animado numa força que não se via há tempos”, afirma Pablo Spyer, diretor da Mirae. "O real é a moeda com a maior volatilidade implícita do mundo. Então é natural esses solavancos mais fortes", explica.

No mundo, os investidores também repercutiram os pacotes de estímulos de bancos centrais e governos. Na véspera, o Banco Central Europeu (BCE) expandiu seu programa de compra de títulos de 750 bilhões de euros para 1,35 trilhão de euros. O mercado também espera novos incentivos por parte dos Estados Unidos.

De acordo com a agência Bloomberg, membros da equipe do presidente Donald Trump esperam que o governo gaste mais de 1 trilhão de dólares para atenuar os impactos econômicos do coronavírus. Mas, ainda segundo a agência, o estímulo governamental deve ser feito somente a partir do próximo mês.

A agenda externa, portanto, é o que explica o otimismo no mercado de câmbio. "No Brasil, a situação ainda é bem complicada, com números crescentes de mortos pelo novo coronavírus", lembra Cristiane Quartaroli, economista do banco Ourinvest. "Os dados econômicos locais estão começando a vir bem ruins, como no caso da produção de veículos, sem falar que o fato político não tem ajudado muito", acrescenta.

Fernando Bergallo, presidente da FB Capital, considera que o cenário externo tenha peso 4 no câmbio, enquanto o interno, 1. "É até um paradoxo o dólar cair para abaixo de 5 reais um dia depois de o Brasil registrar recorde de mortes por coronavírus. Se o mundo está positivo, aqui pode estar ruim do jeito que for que vai melhorar junto. Lá fora é o driver da economia", disse.

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