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Dólar cai com nova medida, mas continua acima de R$2,10

Governo anunciou nesta quarta-feira mais uma medida para facilitar a entrada de divisa estrangeira no país


	Dólar: às 13h08, a moeda norte-americana caía 0,68 por cento, para 2,1016 reais na venda, depois de ter recuado 0,7 por cento nas duas últimas sessões
 (Jo Yong hak/Reuters)

Dólar: às 13h08, a moeda norte-americana caía 0,68 por cento, para 2,1016 reais na venda, depois de ter recuado 0,7 por cento nas duas últimas sessões (Jo Yong hak/Reuters)

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Da Redação

Publicado em 5 de dezembro de 2012 às 12h51.

São Paulo - O dólar caía ante o real pelo terceiro dia seguido nesta quarta-feira após o governo anunciar mais uma medida para facilitar a entrada de divisa estrangeira no país.

A decisão, que reduziu a incidência do Imposto sobre Operações Financeiras (IOF) sobre empréstimos em moeda estrangeira, foi a última de uma série de ações do governo que visam a dar liquidez ao mercado de câmbio no fim do ano.

Enquanto operadores discutiam se tais medidas sinalizam a defesa de um novo teto para o dólar um pouco acima de 2,10 reais, a maioria dos analistas acredita que o objetivo é prover liquidez ao mercado de câmbio no fim do ano, quando empresas estrangeiras enviam lucros para suas matrizes no exterior.

Às 13h08, a moeda norte-americana caía 0,68 por cento, para 2,1016 reais na venda, depois de ter recuado 0,7 por cento nas duas últimas sessões. Segundo dados da BM&F, o volume negociado estava em torno de 1,2 bilhão de dólares.

"O governo afrouxou o nó da gravata até o peito nesses dois últimos dias. Isso é sinal de recuo", afirmou o gerente de câmbio da Treviso Corretora, Reginaldo Galhardo. "O governo está dando um passo atrás porque está vendo que a escassez de dólar no mercado já se faz presente", completou.


O governo reduziu de dois anos para um o prazo de incidência do IOF de 6 por cento no ingresso de empréstimos externos.

A ação veio na sequência de uma medida do Banco Central, divulgada na terça-feira, para facilitar o financiamento ao exportador. Na segunda-feira, o BC atuou com força no mercado de câmbio por meio de dois leilões de swap cambial e dois leilões de dólar no mercado à vista.

Apesar dessa enxurrada de medidas e intervenções, o dólar manteve-se acima de 2,10 reais, diferentemente do que aconteceu no final de junho, quando ações similares fizeram a moeda despencar desse mesmo nível para cerca de 1,98 real.

Segundo analistas, a escassez de dólares típica de fim de ano está colaborando para segurar o dólar em torno desse patamar, além das interpretações de que o governo quer o real mais desvalorizado para apoiar os exportadores brasileiros.

"O mercado continua pressionado porque ainda precisa de dólares: tivemos déficit na balança comercial e é final de ano, quando a procura por dólar é maior", afirmou o superintendente de câmbio da Advanced Corretora, Reginaldo Siaca, referindo-se à saída de dólares de filiais para suas matrizes no exterior.

O fluxo cambial ficou positivo na semana passada devido a uma grande entrada de dólares no último dia do mês, mas os bancos mudaram suas posições na última semana, apostando na valorização do dólar.

O ministro da Fazenda, Guido Mantega, afirmou que a medida desta quarta-feira tem o objetivo de permitir captações maiores das empresas em um momento em que o governo tenta estimular o investimento. Ele admitiu, no entanto, que a ação foi possível porque a queda dos juros básicos tornou o país menos atrativo para "capitais especulativos".


Os agentes do mercado ponderam ainda se tais intervenções do BC refletem uma defesa de teto. Enquanto alguns avaliam que a autoridade monetária não quer o dólar acima de 2,1 reais, outros vêem um deslocamento para cima da antiga banda informal -- de 2,0 a 2,1 reais por dólar.

"Se o governo quisesse atuar para derrubar esse dólar não iriam faltar ferramentas, mas isso vai contra a política de querer um dólar valorizado para impulsionar as exportações", afirmou Siaca, que acredita num deslocamento do teto informal para 2,12 reais.

O mercado de câmbio viu o dólar avançar substancialmente no mês passado depois que autoridades do governo sinalizaram que o real precisava se desvalorizar mais para impulsionar as exportações.

Dados mostrando que a economia brasileira cresceu muito abaixo das expectativas no terceiro trimestre deu fôlego a tal interpretação. A moeda norte-americana saiu de perto de 2,02 e 2,03 reais no início de outubro para bater 2,13 reais na última sexta-feira.

Já o gerente de câmbio da Fair Corretora, Mario Battistel, avalia que as recentes atuações das autoridades brasileiras mostram preocupação com a atual cotação do dólar.

"Na minha cabeça, o teto ainda é 2,10 reais. Como o dólar não está caindo como eles querem, eles estão aumentando o leque de medidas", afirmou ele.

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