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Dólar cai à casa dos R$3,55 de olho na política

O Banco Central não anunciou até agora qualquer intervenção cambial, mantendo-se ausente do mercado pela quarta sessão consecutiva


	Câmbio: o dólar futuro recuava cerca de 0,5%
 (Bruno Domingos/ Reuters)

Câmbio: o dólar futuro recuava cerca de 0,5% (Bruno Domingos/ Reuters)

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Da Redação

Publicado em 24 de maio de 2016 às 10h47.

São Paulo - O dólar recuava para a casa dos 3,55 reais nesta terça-feira, com investidores recebendo bem a saída de Romero Jucá do Ministério da Planejamento, como sinal de ação política rápida do presidente interino Michel Temer, e em movimento de ajuste após a intensa alta da sessão passada.

Operadores continuavam cautelosos, porém, antes da votação da nova meta fiscal no Congresso Nacional e do anúncio de medidas econômicas pela equipe econômica marcado para esta manhã.

Às 10:23, o dólar recuava 0,83%, a 3,5524 reais na venda, depois de saltar 1,82% na sessão passada. O dólar futuro, que já havia reagido à notícia de que Jucá deixaria o ministério após o fechamento do mercado à vista na véspera, recuava cerca de 0,6%.

"A saída do Jucá deu uma válvula de escape para o mercado, que sofreu muito ao longo do dia (na segunda-feira)", disse o operador da corretora Intercam Glauber Romano.

"Não é uma solução definitiva e está claro que a política vai continuar bastante turbulenta, mas pelo menos parece que o Temer manobrou relativamente bem esse escândalo", acrescentou.

Na véspera, foi divulgado áudio de conversa de Jucá com o ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado pela qual o ex-ministro teria sugerido que uma troca de governo resultaria em pacto para frear o avanço da Operação Lava Jato. Ambos os interlocutores são investigados.

Jucá é um dos principais articuladores do governo junto ao Congresso Nacional e tinha entre suas funções angariar apoio às medidas que a equipe de Temer adotará para colocar a economia de volta nos trilhos.

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, anunciará um pacote de medidas econômicas ainda nesta manhã.

Outro fator que favorecia a cautela nos mercados locais era a votação da nova meta fiscal de 2016, após a Comissão Mista de Orçamento (CMO) suspender a sessão que avaliaria o tema na segunda-feira por falta de quórum. 

Jucá afirmou que a votação pode ir direto ao plenário do Congresso Nacional se a CMO não votar a pauta até as 11:00 desta terça-feira.

O governo está pedindo ao Congresso Nacional autorização para marcar déficit primário de 170,5 bilhões de reais neste ano. Trata-se do primeiro grande teste do governo Temer no Legislativo.

"O mercado está trabalhando com o cenário de que a meta passa. Um cenário diferente --atrasos na aprovação, autorização para gastos adicionais-- pode gerar algum nervosismo", disse o especialista em câmbio da corretora Icap, Ítalo Abucater.

O Banco Central não anunciou até agora qualquer intervenção cambial, mantendo-se ausente do mercado pela quarta sessão consecutiva.

Matéria atualizada às 10h47

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