Richard Branson gastou mais de US$ 1 bilhão para ir ao espaço (Patrick T. FALLON/AFP)
Agência O Globo
Publicado em 12 de julho de 2021 às 19h33.
Depois de saltarem 10% no início das negociações em Wall Street, as ações da Virgin Galactic Holdings fecharam o dia com uma queda de 17,3%, negociadas a US$ 40,69 na Bolsa de Nova York.
A mudança de direção dos papéis ocorreu depois que a empresa, que realizou seu primeiro voo tripulado ao espaço no domingo, entrou com um pedido de venda de US$ 500 milhões em ações junto à Securities Exchange Commission (o equivalente à CVM no Brasil).
O voo de teste ao espaço, considerado por por Wall Street como "um golpe de marketing", animou os investidores, que se assustaram logo depois com o anúncio da empresa do bilionário Richard Branson. A potencial venda das ações sugere a necessidade de fundos adicionais.
Segundo o documento enviado à Sec, o montante captado com a venda será utilizado para propósitos corporativos gerais, como capital de giro, despesas de capital para as capacidades de fabricação, desenvolvimento da frota de espaçonaves e outras melhorias de infraestrutura.
A conquista de Branson é um "golpe de marketing massivo" para a Virgin Galactic que será difícil para o público em geral ignorar, disse Ken Herbert, analista da Canaccord Genuity. “O desafio agora será para a empresa manter o ímpeto e estabelecer um plano de voo em 2022 que possa demonstrar uma cadência de lançamento comercial repetível e crescente.”
Branson voou com mais cinco pessoas, um marco numa empreitada que ele começou há 17 anos e que consumiu mais de US$ 1 bilhão de sua fortuna pessoal, segundo o Financial Times.
Os papéis da Virgin logo refletiram o sucesso do voo, mas perderam fôlego ao longo do dia conforme as notícias iam chegando ao mercado.
Neste ano, as ações da Virgin já dobraram de preço, elevando a valorização da empresa a cerca de US$ 11,8 bilhões na última sexta-feira, às vésperas do voo.
Em entrevista ao jornal britânico Financial Times, o presidente-executivo da Virgin Galactic informou que a empresa quer fazer novas viagens ao ritmo de um turista por dia, enquanto busca capitalizar o bem-sucedido de domingo feito por Branson. A meta , segundo Michael Colglazier, é de 400 voos por ano.
Colglazier, que assumiu o comando da Virgin Galactic há um ano, no entanto, não definiu um cronograma para a empresa aumentar suas operações comerciais e admitiu que enfrentaria grandes obstáculos para se expandir no curto prazo.
No ponto máximo da viagem, Branson alcançou altitude aproximada de 86 quilômetros acima do deserto no Novo México. O voo é o primeiro passo para uma nova era de turismo espacial. A companhia deve começar operações comerciais no próximo ano.
Hoje, já há 600 interessados confirmados em viajar ao espaço. A Virgin pretende retomar as vendas de bilhetes após novos testes a preços acima de US$ 250 mil por pessoa, valor inicialmente anunciado.
O tipo de voo realizado é chamado de suborbital, no qual a aeronave consegue viajar além da atmosfera. Estes aviões cruzam o limite definido como espaço — os EUA consideram a fronteira aos 80 quilômetros—, mas não alcançam velocidade suficiente para permanecer nesta região quando chegam lá.
Uma vez no espaço, a aeronave cai continuamente ao redor da Terra, o que significa estar em órbita. A operação, desde a partida do porta-aviões até o pouso em solo, durou perto de uma hora.
A participação de Branson foi anunciada há pouco mais de uma semana e ajudou a reforçar sua personalidade de executivo ousado. O êxito reavivou a rivalidade com outro bilionário que quer conquistar o espaço
No Instagram, Bezos, fundador da Amazon que deve fazer seu primeiro voo em poucos dias, escreveu: “Parabéns pelo voo. Não posso esperar para entrar no clube!”
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