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Demanda por títulos do Chile de maior risco está de volta

É a segunda vez que investidores mostram maior demanda por ativos de risco neste ano

Chile: é a segunda vez que investidores mostram maior demanda por ativos de risco neste ano (Nilton Fukuda / Agência Basil/Agência Brasil)
Bloomberg

Agência de notícias

Publicado em 4 de dezembro de 2023 às 12h06.

Investidores de títulos do Chile voltam a ter mais apetite por risco, com maior disposição para comprar dívida corporativa de nota mais baixa do que em qualquer momento desde fevereiro do ano passado, revela uma pesquisa mensal.

A porcentagem de analistas e traders que recomendam a compra de dívida com rating mais baixo, como ‘AA’, quase duplicou em dezembro, para 57%, em relação ao mês anterior. Aqueles que não vão além dos títulos ‘AAA’, a nota mais alta, caíram de 64% para 21%.

É a segunda vez que investidores mostram maior demanda por ativos de risco neste ano. No entanto, um rali em julho teve vida curta, já que a preocupação com um maior aperto monetário nos Estados Unidos voltou a impulsionar os rendimentos globais. Desta vez pode ser diferente. A maioria agora espera que o Federal Reserve ( Fed, banco central americano) corte os juros no primeiro semestre do próximo ano à medida que a inflação perde força, o que pode abrir caminho para que o banco central do Chile acelere o ciclo de afrouxamento monetário.

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“O maior risco do mercado era que o ciclo contracionista do Fed continuasse, um risco que tem diminuído. Consequentemente, o apetite por risco voltou”, disse Jaime Achondo, diretor-geral da corretora Fynsa.

“Dada a forma como as carteiras desinvestidas estão – posicionadas principalmente nos mercados monetários –, acreditamos que esta tendência deve continuar.”

No mês passado, pela segunda reunião consecutiva,o banco central dos EUA não mexeu nas taxas, que permanecem no nível mais alto em 22 anos, e autoridades adotaram um tom mais “dovish” desde então. Com isso, os títulos dos EUA estão a caminho de seu melhor mês desde a década de 1980.

“No cenário atual, parece plausível aumentar o ritmo dos cortes dos juros no Chile em relação aos 50 pontos-base da última reunião”, disse Alexis Vega, trader de renda fixa do Banco de Credito e Inversiones.

Demanda corporativa

A procura por dívida corporativa está em alta, sendo que 57% dos traders preferem esses títulos em dezembro, enquanto a dívida pública tem a preferência de 43%. E, pela primeira vez desde agosto, ninguém disse que pretende evitar o mercado de renda fixa local por completo.

A forte queda dos juros no Chile em novembro – em mais de 100 pontos-base em algumas partes da curva – levou fundos mútuos e de pensões a estender a duração dos vencimentos e a comprar títulos, disse Diego Pino, chefe de negociação da Scotia Corredora de Bolsa.

Isso tem incentivado a venda de nova dívida.Não houve vendas de dívida corporativa não bancária no Chile em outubro ou novembro, em comparação com três em setembro e uma em agosto, de acordo com dados no site do regulador de valores mobiliários.

Referendo constitucional

Para aqueles que conseguirem desviar a atenção dos juros dos EUA, o foco será o referendo constitucional do Chile em 17 de dezembro. Todos consultados pela Bloomberg disseram que este será o principal fator político local neste mês.

A aprovação do projeto da Carta Magna seria positiva para a economia e para os mercados do país, uma vez que inclui medidas pró-crescimento, disse o economista do JPMorgan, Diego Pereira, em nota no mês passado.

Mas seja qual for a escolha dos eleitores, o referendo marcará o fim de um processo de três anos para mudar uma Constituição que data da ditadura de Augusto Pinochet. Caso a população vote contra as propostas, o governo disse que não pressionará por uma terceira redação da carta.

“O sinal político de encerrar a discussão constitucional será decisivo para restabelecer a confiança dos investidores”, disseram em e-mail os economistas da Credicorp, Samuel Carrasco e Daniel Velandia.

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