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Decisão do Fed: o que esperar da última alta de juros do ano nos EUA

Apesar de manter trajetória, decisão é mais branda e já era esperada pelo mercado

Jerome Powell, presidente do Fed, discursa às 15h30 sobre nova decisão de juros dos EUA (Drew Angerer/Getty Images)

Jerome Powell, presidente do Fed, discursa às 15h30 sobre nova decisão de juros dos EUA (Drew Angerer/Getty Images)

BQ

Beatriz Quesada

Publicado em 14 de dezembro de 2022 às 06h06.

Última atualização em 14 de dezembro de 2022 às 15h44.

O Federal Reserve (Fed, o banco central americano) informa nesta quarta-feira, 14, sua última decisão de política monetária do ano. A expectativa do mercado é que o Fed eleve a taxa básica de juros dos Estados Unidos em 0,5 ponto percentual (p.p.), como já havia sido sinalizado por Jerome Powell, presidente da instituição.

Apesar de manter a trajetória de alta, a elevação seria mais branda que as últimas quatro, nas quais o Fed elevou os juros em 0,75 p.p.. Ainda assim, a nova alta colocaria a taxa de juros dos EUA no intervalo entre 4,25% e 4,5% – o nível mais alto desde 2007. 

Para analistas, o grande desafio do Fed é sinalizar ao mercado que os juros devem continuar altos mesmo com a recente desaceleração da inflação. Isso porque, apesar dos dados positivos agora, o BC americano ainda não está seguro de que a inflação arrefeceu de vez.

A estratégia, no entanto, não tem funcionado e o mercado tem projetado uma política menos restritiva, especialmente após os últimos dados de inflação.

A inflação ao consumidor (CPI, na sigla em inglês) de novembro foi de 7,1%, abaixo da expectativa de analistas que esperavam um CPI de 7,3%. O número também já decaiu do pico em junho, onde a inflação atingiu 9,1%.

Ainda assim, analistas esperam que o Fed mantenha a postura de “juros altos por mais tempo”. “Mesmo após surpresas baixistas recentes nos principais indicadores de inflação, não vemos espaço para uma mudança expressiva no tom quanto a necessidade de ancorar as expectativas. Entendemos que há pouco espaço para mudar o balanço de risco, sobretudo com os dados econômicos surpreendendo positivamente”, destacaram, em relatório, os analistas do BTG Pactual.

Para voltar a ancorar as expectativas, analistas esperam que o Fed já sinalize uma nova alta de juros de 0,5 p.p. para a próxima reunião, em fevereiro de 2023 – a projeção inicial era de altas de 0,25 p.p. para o próximo ano.

“Os mercados estão equilibrados entre uma alta de 0,25 p.p. e 0,5 p.p. em fevereiro. Nós ainda favorecemos 0,5 p.p.. O Fed depende de dados [da força do mercado de trabalho] e, em nossa opinião, os dados são, no geral, ainda favoráveis a juros mais altos”, informaram, em nota, os analistas do Bank of America (BofA).

O payroll de novembro, principal indicador do mercado de trabalho americano, revelou a criação de 263.000 empregos urbanos, cerca de 30% acima do consenso de mercado.

“Dada a resiliência do mercado de trabalho, o risco é que o Fed continue subindo os juros para além de março. Mas, por enquanto, achamos que há incerteza suficiente em torno das perspectivas econômicas para que a maioria dos participantes do Comitê não esteja planejando aumentos além do primeiro trimestre”, avaliam. O BofA espera uma taxa de 5% a 5,25% para o final de 2023.

Investidores aguardam a decisão às 16h (horário de Brasília), seguida de discurso de Jerome Powell às 16h30 onde o presidente deve detalhar o futuro da taxa no próximo ano.

Leia também: O pior passou? Inflação americana fica abaixo do esperado em novembro e dá alívio ao mercado

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