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"De volta à forma": JBS bate consenso já otimista e sobe mais de 3% na Bolsa

EBITDA muito acima do esperado em meio a ciclo favorável para o frango impulsiona a geração de caixa e deve levar a nova revisão positiva de estimativas para a companhia

JBS: Ritmo de desalavancagem ficou acima do esperado pelo mercado  (JBS/Divulgação)

JBS: Ritmo de desalavancagem ficou acima do esperado pelo mercado (JBS/Divulgação)

Natalia Viri
Natalia Viri

Editora do EXAME IN

Publicado em 14 de agosto de 2024 às 11h12.

Última atualização em 14 de agosto de 2024 às 15h46.

Superando expectativas já otimistas para o resultado do segundo trimestre, a JBS está subindo forte hoje na Bolsa – dando sequência a um rali que já fez as ações da empresa subirem mais de 60% nos últimos seis meses. Os papéis abriram em alta de mais de 6%, por volta das 11h, avançavam 3,5%, entre as maiores valorizações do Ibovespa.

Entre abril e junho, a companhia entregou um EBITDA de R$ 9,9 bilhões, o maior patamar em mais de dois anos. É mais que o dobro do ano anterior e bem acima do consenso, que previa algo mais próximo dos R$ 8 bilhões, o que deve provocar mais uma revisão positiva das expectativas para a companhia por investidores e analistas.

“De volta à forma”, resumiu o BTG Pactual (do mesmo grupo de controle da Exame) em relatório publicado na manhã de hoje. A XP traduziu o desempenho numa reformulação da sigla que dá nome à empresa: (J)ustified (B)ullish (S)entiment ou “sentimento otimista justificado”.

O ciclo forte para carne de frango, com demanda forte puxando tanto volume quanto preços, e custos controlados especialmente pelo preço favorável dos grãos, já tinha puxado para cima dos resultados da Pilgrim’s Pride, a empresa americana controlada pela multinacional brasileira que já havia publicado seus resultados.

A tendência se reproduziu na Seara. A margem EBITDA avançou 13,3 pontos percentuais na comparação com o segundo trimestre do ano passado, chegando ao recorde de 17,4% – impulsionada também por um trabalho feito dentro de casa, com iniciativas de eficiência e foco em produtos de maior valor agregado.

Com os resultados positivos, a JBS conseguiu reduzir sua alavancagem, que vinha preocupando o mercado até a divulgação dos resultados do primeiro trimestre, que já tinham marcado um ponto de inflexão das operações.

No segundo trimestre, a geração de caixa foi de R$ 5,5 bilhões, mesmo com o câmbio pressionado que se traduz numa conversão menor da receita em reais. Com isso, a relação entre dívida líquida e EBITDA saiu de 3,66 em dólar no primeiro trimestre para 2,77 vezes – dando um alívio maior que o que vinha sendo mapeado pelo mercado.

“O ciclo do frango é mais forte que o que esperávamos e está ajudando a JBS a acelerar o ritmo de desalavancagem e o processo de transferir a dívida para o equity”, disse o analista Thiago Duarte, do BTG.

Em carne bovina, os resultados foram positivos também no Brasil, revertendo um ciclo que vinha pressionado as margens nos trimestres anteriores. Isso tudo está ofuscando os resultados fracos da operação americana de carne bovina, que está operando com margens próximas às mínimas históricas e sem expectativa de retomada num futuro próximo.

“A diversificação do portfólio da JBS está claramente mostrando seu valor”, acrescentou Duarte. No segundo trimestre, as operações de carne de frango de suínos nos Estados Unidos responderam por 75% do EBITDA.

Com isso, apesar da alta recente dos papéis, o BTG ainda acredita que os múltiplos de negociação estão muito descontados em relação aos concorrentes e tem recomendação de compra. A JBS é sua top pick nos setores.

Dividendos

A empresa também anunciou dividendos robustos relativos ao segundo trimestre. A JBS vai distribuir R$ 4,43 bilhões – dois reais por ação ordinária.

O pagamento será referente à posição acionária no dia 19 de agosto, e as ações passam a ser negociadas ex-dividendos no dia 20 do mesmo mês. O pagamento será realizado no dia 7 de outubro.

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