Leonardo Otero, sócio da Arbor Capital: "É um fundo mais conservador. Nosso long only é para dar porrada, deixar o investidor rico. O Arbor Hedge é mais para quem já é rico e quer continuar rico" (André Valentim/Exame)
Repórter
Publicado em 18 de abril de 2024 às 07h15.
Última atualização em 18 de abril de 2024 às 09h25.
Os dez anos da Arbor Capital têm sido a prova de que retorno é proporcional ao risco. O principal fundo da gestora fluminense investe em ações americanas e acumula uma rentabilidade expressiva de 440% desde sua criação, em 2015. A performance desbanca qualquer indicador de mercado. O CDI, no mesmo período, rendeu 120%, enquanto o S&P 500 e o Ibovespa, 140%. Mesmo com hedge em dólar para isolar a variação do câmbio da performance dos ativos da carteira, o fundo ainda supera o S&P 500 em reais, que bateu 291% na mesma janela.
Agora, a gestora se prepara para colocar na rua seu primeiro long biased, que acabou de completar seis meses: o Arbor Hedge. Leonardo Otero, sócio da Arbor Capital, contou em entrevista à Exame Invest que o fundo atua como um multimercado sem deixar de ser de ações, o que garante a isenção do come-cotas. "Será um espelho do nosso fundo de ações, mas com posições reduzidas e mais proteção, o que deve trazer um menor risco", afirma.
O objetivo é manter uma volatilidade abaixo de 10% e de maneira nenhuma permitir perdas acima de 15%. O resultado tem aparecido já nos primeiros meses. O Arbor Hedge atingiu 13% de rentabilidade em seu primeiro semestre de existência, mantendo a volatilidade próxima de 7%. No ano, seu retorno está em 4,7% contra 8,61% do long only, o principal fundo da casa.
"É um fundo mais conservador. Nosso long only é para dar porrada, deixar o investidor rico. O Arbor Hedge é mais para quem já é rico e quer continuar rico", conta Otero.
A estratégia visa atender principalmente clientes de family offices, escritórios especializados na perpetuação do patrimônio de famílias ricas. "Estamos com conversas avançadas com family offices de São Paulo e Rio de Janeiro. Devemos aumentar ainda mais nosso volume sob gestão nas próximas semanas."
A Arbor Capital está com pouco menos de R$ 400 milhões em investimentos, cerca de 15% a mais do que no início do ano. A captação, que ocorre mesmo em um ambiente de resgates de fundos de ações e multimercados, é explicada pela performance expressiva da casa no ano passado. Em 2023, o long only da Arbor rendeu 56%.
As principais posições do fundo são em ações da Microsoft e na taiwanesa TSMC. "São duas empresas que tendem a se beneficiar do crescimento da inteligência artificial. Temos Microsoft desde 2016 por ser uma empresa de baixo risco e que capta ao mesmo custo do governo americano. Na TSMC entramos recentemente. É a empresa que fornece chips para a Nvidia e deve crescer muito nos próximos 5 ou 10 anos."
A estratégia é a mesma empregada no Arbor Hedge. A diferença é justamente a adição do "hedge", que é a proteção contra perdas. Otero conta que no fundo isso é feito de diversas maneiras. Entre elas, por compra de opções de venda de índices (tais como Ibovespa e S&P 500) ou das próprias ações do portfólio. Isso, por exemplo, permite ao gestor estabelecer uma trava contra grandes quedas de preço. Por outro lado, a rentabilidade tende a ser menor em períodos de ganho por não estar totalmente comprado. O fundo também utiliza estratégias de long and short, em que se busca a variação de preços entre dois ativos.
Nos seis primeiros meses, o fundo esteve apenas com capital proprietário e será aberto ao público geral até junho. A taxa de administração do fundo será de 1% e a de performance, de 10% sobre o que exceder o IMA-B5.