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CVC Brasil desaba após indícios de erros em balanço

Dados financeiros divulgados no balanço de 2019 pela CVC continham erros

Bolsa de valores: por volta das 10:45, os papéis da CVC Brasil perdiam 8,3%, a 23,60 reais (Paulo Whitaker/Reuters)

Bolsa de valores: por volta das 10:45, os papéis da CVC Brasil perdiam 8,3%, a 23,60 reais (Paulo Whitaker/Reuters)

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Reuters

Publicado em 2 de março de 2020 às 11h18.

Última atualização em 2 de março de 2020 às 11h20.

São Paulo — As ações da CVC Brasil desabavam mais de 8% na manhã desta segunda-feira, após a operadora de turismo divulgar no fim de semana que constatou indícios de erros em sua contabilidade, que se confirmados poderão significar ajustes contábeis significativos nos resultados reportados pela companhia.

De acordo com fato relevante no sábado, no processo de preparação de seu balanço de 2019, a CVC constatou, em avaliação preliminar, indícios de erros na contabilização de valores transferidos aos fornecedores de serviços turísticos referentes às receitas próprias de tais fornecedores.

"Em uma avaliação preliminar, estima-se que o impacto potencial acumulado dos referidos ajustes na receita líquida de vendas da companhia seja da ordem de 250 milhões de reais, considerando os exercícios sociais de 2015 a 2019, equivalente a aproximadamente 0,5% das reservas totais e 4% da receita líquida da companhia no período acumulado até 30 de setembro de 2019."

A CVC acrescentou que os ajustes contábeis, se efetivados, não terão impacto sobre a geração e os saldos de caixa reportados nas demonstrações financeiras.

Por volta das 10:45, os papéis da CVC Brasil perdiam 8,3%, a 23,60 reais, na bolsa paulista, enquanto o Ibovespa cedia 0,27%. Na mínima até o momento as ações chegaram a 23,11 reais. A queda na sessão vem após um declínio de 29,5% em fevereiro e 16,7% em janeiro.

Em reunião no sábado, o conselho de administração da companhia determinou que seja realizada uma apuração independente em relação ao tema, a ser conduzida pelo Comitê de Auditoria, que terá a participação, ad hoc, de Fernando Fontes Iunes, ex-Itaú BBA e sócio da gestora EB Capital, de acordo com o comunicado da empresa.

A CVC acrescentou que está trabalhando na elaboração das demonstrações financeiras referentes ao exercício social de 2019 e junto aos seus auditores independentes de maneira a apresentá-las no prazo regulamentar, "inclusive no que se refere a impactos em demonstrações financeiras de exercícios anteriores e relatórios dos auditores independentes".

Para o analista Richard Cathcart, do Bradesco BBI, a ação deve sofrer no curto prazo, mas ele afirmou que permanece com uma visão positiva para a empresa no longo prazo em razão do preço dos papéis e ativos atrativos da CVC, como marca e distribuição, conforme relatório a clientes.

Ele afirmou que incluiu os erros de contabilidade nas suas estimativas e adotou um prognóstico mais conservador para o crescimento em 2020, citando também falta de visibilidade sobre os efeitos do surto do novo coronavírus.

"Por enquanto, reduzimos pela metade nossa estimativa de crescimento de reservas no Brasil de cerca de 8% para cerca de 4% (pró-forma). Para cada queda de 1 ponto adicional no crescimento de reservas no Brasil, nossa estimativa de lucro líquido em 2020 cairia em cerca de 3%."

Nesse contexto, Cathcart cortou o preço-alvo de 60 para 42 reais por ação, mas manteve a recomendação 'outperform'.

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