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Crise das emendas, IPCA-15 e dados de emprego: o que move o mercado

Ibovespa vive dezembro desafiador, com queda de quase 4%; lá fora, um dos destaques é a queda do presidente interino da Coreia

Dino: decisão do ministro do Supremo de suspender emendas parlamentares está no foco do mercado (Gustavo Moreno/STF/Flickr)

Dino: decisão do ministro do Supremo de suspender emendas parlamentares está no foco do mercado (Gustavo Moreno/STF/Flickr)

Raquel Brandão
Raquel Brandão

Repórter Exame IN

Publicado em 27 de dezembro de 2024 às 08h29.

Última atualização em 27 de dezembro de 2024 às 08h31.

Depois de um dia de agenda esvaziada e liquidez baixa, um dos últimos pregões de 2024 é de divulgação de importantes indicadores econômicos, além da persistência de crises em Brasília que dominam o cenário doméstico.

Dezembro reforçou o ambiente difícil para o mercado acionário. Em 2024,  o Ibovespa acumula perdas de quase 10%. No mês de dezembro o índice registra perda de 3,65%. Na quinta-feira, 26, subiu levemente (0,26%) e superou os 121 mil pontos, mas foi um pregão de volume financeiro fraco, de R$ 15,8 bilhões.

Entre os destaques da manhã, o IBGE divulga o IPCA-15 de dezembro, esperado em desaceleração para 0,45%, e a taxa de desemprego medida pela Pnad, projetada em 6,1% no trimestre encerrado em novembro. Ambos às 9h.

Pouco depois, com previsão para as 10h, o Ministério do Trabalho publica o Caged de novembro, com estimativa de criação líquida de 125 mil empregos formais, abaixo das 132,7 mil vagas registradas no mês anterior.

Enquanto isso, a crise em torno das emendas parlamentares segue em evidência. Ontem à noite, o presidente da Câmara, Arthur Lira, falou a jornalistas defendendo a liberação de R$ 4,2 bilhões em emendas, mas a Advocacia-Geral da União já sinalizou que não pretende recorrer da decisão do STF que suspendeu o pagamento.

A tensão política influencia o dólar e o mercado de ações, que permanecem voláteis na reta final do ano.

No exterior, os mercados continuam reagindo a dados mistos de emprego nos Estados Unidos e sinais de estímulo na China, enquanto bolsas europeias têm um dia de alta impulsionadas pelo setor de tecnologia.

Crise das emendas agrava tensão em Brasília

O embate em torno das emendas parlamentares continua como o principal foco da crise política. Após a suspensão dos recursos pelo ministro do STF Flávio Dino, Lira anunciou que peticionará o tribunal nesta sexta-feira para tentar desbloquear os pagamentos e esclarecer os questionamentos que levaram à decisão.

O Centrão pressiona o governo para que atue junto ao Supremo, mas a AGU informou que não recorrerá da decisão.

A controvérsia envolve manobras como a assinatura de 17 líderes partidários como “padrinhos” das verbas de R$ 4,2 bilhões, o que foi apontado por Dino como irregular. A suspensão coincide com o fim do ano legislativo e ameaça as articulações políticas do governo.

Inflação e mercado de trabalho movimentam a agenda

O IBGE divulga nesta manhã o IPCA-15 de dezembro, considerado uma prévia da inflação oficial, e a mediana das projeções aponta desaceleração para 0,45%, influenciada pela continuidade do alívio nas tarifas de energia elétrica. A faixa de estimativas vai de 0,30% a 0,68%.

Os dados de inflação devem ser analisados já com as expectativas para janeiro. Isso porque reajustes tarifários do transporte público estão sendo anunciados pelas grandes cidades. Em São Paulo, tarifas de metro e trem vão subir e a Prefeitura já anunciou que a tarifa de ônibus municipal vai a R$ 5 a partir de 6 de janeiro.

No mercado de trabalho, a taxa de desemprego medida pela Pnad deve cair para 6,1% no trimestre móvel encerrado em novembro, refletindo o aumento das contratações temporárias de fim de ano.

Por outro lado, o saldo de vagas formais do Caged, esperado em 125 mil, deve ficar aquém do registrado no mês anterior, mas ainda mostra resiliência do mercado de trabalho em meio a uma atividade econômica forte.

Mercados externos: Bolsas mistas e petróleo em alta

No cenário externo, os mercados continuam lidando com sinais divergentes. Nos Estados Unidos, os pedidos de auxílio-desemprego caíram para 219 mil na última semana, mas os pedidos recorrentes atingiram 1,91 milhão, maior patamar em mais de três anos, sugerindo maior dificuldade para os desempregados encontrarem novas vagas.

As bolsas de Nova York tiveram um dia de pouca variação: Dow Jones subiu 0,07%, enquanto S&P 500 e Nasdaq encerraram em leve queda. Na Europa, o Stoxx 600 subiu 0,47%, liderado por ações do setor de tecnologia, quebrando uma sequência de duas semanas de perdas.

As bolsas asiáticas reagiram positivamente às expectativas de novos estímulos na China, mas a crise política na Coreia do Sul, que resultou no impeachment do presidente interino Duck Soo, mantém o índice Kospi (da Bolsa de Seul) sob pressão, com queda pelo terceiro dia consecutivo (-1,02%).

No mercado de commodities, o petróleo segue para um ganho semanal impulsionado pela previsão de estoques mais baixos nos Estados Unidos e pela perspectiva de estímulos na China.

O Brent para fevereiro avançava 0,34%, cotado a US$ 73,51, enquanto o WTI subia 0,47%, a US$ 69,95. O minério de ferro, porém, fechou em queda de 2,63% em Dalian, refletindo preocupações com a demanda global.

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