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Corte de juros na China, Caso Mariana, Focus, balanços das big techs e Vale: o que move o mercado

Mercado vê como positivo o acordo anunciado pela mineradora brasileira relativos à tragédia ambiental, que inclui o pagamento de uma indenização de R$ 170 bilhões

Radar: mercado recebe de forma positiva acordo da Vale (VALE3) no Caso Mariana  (Germano Lüders/Exame)

Radar: mercado recebe de forma positiva acordo da Vale (VALE3) no Caso Mariana (Germano Lüders/Exame)

Rebecca Crepaldi
Rebecca Crepaldi

Repórter de finanças

Publicado em 21 de outubro de 2024 às 08h54.

Os mercados internacionais operam em queda na manhã desta segunda-feira, 21. Nos Estados Unidos, os índices futuros operam em queda com investidores à espera de comentários de dirigentes do Federal Reserve (Fed, banco central dos EUA) e dos balanços de três big techs ao longo da semana. Na Europa, também de olho na temporada de balanços, as bolsas recuam. Na Ásia, os mercados fecharam em queda, sem grande otimismo com o corte de juros na China - o índice Hang Seng, de Hong Kong, caiu 1,57%.

Banco central da China corta juros

O Banco do Povo da China (PBoC, banco central do país) cortou, nesta segunda-feira, 21, as principais taxas de juros em 0,25 pontos percentuais (p.p.), segundo comunicado divulgado pela instituição.

O corte é o terceiro neste ano e faz parte de uma série de movimentos do governo para impulsionar o consumo na China, a fim de alcançar a meta de crescimento de 5% para o Produto Interno Bruto (PIB) neste ano.

O objetivo da redução de juros é baratear os custos de financiamento, incentivando a população a demandar mais crédito e, por consequência, consumir, o que fomentaria a economia.

A chamada taxa de juros de referência para empréstimos (LPR) de 1 ano foi reduzida de 3,35% para 3,1%, enquanto a de 5 anos passou de 3,85% para 3,6%.

A redução ocorreu após o PBoC reduzir a taxa de juros dos acordos de recompra reversa de sete dias, uma importante taxa de política de curto prazo, em 0,20 p.p. no dia 27 de setembro, orientando a LPR a cair.

Caso Mariana

Começa hoje, em Londres, o julgamento da ação movida contra a mineradora anglo-australiana BHP pelos 620 mil atingidos durante o rompimento da barragem em Mariana (MG). A barragem era controlada pela Samarco, empresa que tem como principais acionistas, além da BHP, a Vale.

A mineradora brasileira chegou a ser incluída na ação, mas fez um acordo para ser retirada do julgamento. Entretanto, caso a BHP seja condenada, a Vale dividirá o pagamento.

Os impactados, incluindo municípios, igrejas e empresas, reivindicam cerca de US$ 47 bilhões (aproximadamente R$ 267 bilhões) em indenizações devido ao desastre de 2015 que causou 19 mortes, além da contaminação do Rio Doce e a destruição de comunidades.

O processo corre desde 2018, mas, somente em julho de 2022, a Justiça inglesa decidiu julgar a ação. A expectativa é que a sentença seja proferida em meados de 2025.

No Brasil, a Vale informou na última sexta-feira, 18, que fechou acordo para pagamento de uma indenização de R$ 170 bilhões relativos à tragédia ambiental, considerando tanto obrigações passadas quanto futuras. O acordo envolve três grandes frentes de compromisso financeiro:

  • R$ 38 bilhões já investidos pela Vale em medidas compensatórias, voltadas à reparação dos danos causados;
  • R$ 100 bilhões a serem pagos em parcelas ao longo de 20 anos, direcionados ao governo federal, aos estados de Minas Gerais e Espírito Santo, além dos municípios atingidos;
  • R$ 32 bilhões em obrigações que serão de responsabilidade da Samarco, incluindo indenizações individuais, reassentamento de famílias e iniciativas de recuperação ambiental.

Segundo o banco Safra, essa atualização sobre o acordo de Mariana foi vista com bons olhos pelos investidores, pois o mercado esperava que a Vale pudesse ter que aumentar ainda mais suas provisões para cobrir esses custos. Porém, a empresa indicou que um acordo está próximo, o que sugere que a necessidade de novas provisões pode ser menor do que o esperado.

“Se nenhuma provisão for adicionada ao acordo quando ele for fechado, aumentaríamos nossa suposição de valor justo das ações, pois consideramos em nossas estimativas US$ 2,3 bilhões (cerca de 5% do valor de mercado da Vale) em provisões adicionais”, apontou o banco em relatório.

Boletim Focus

O mercado avalia a divulgação do Boletim Focus desta semana.

O Banco Central (BC) elevou em 0,11 pontos percentuais (p.p.) a projeção do Índice de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA) para 2024, de 4,39% para 4,50% - o terceiro aumento consecutivo. Já a de 2025 subiu de 3,96% para 3,99%, enquanto as projeções da inflação para 2026 e 2027 se mantiveram em 3,60% e 3,50%, respectivamente.

A única estimativa para o Produto Interno Bruto (PIB) que foi alterada foi a de 2024, de 3,01% para 3,05%. As de 2025, 2026 e 2027 se mantiveram em 1,93%, 2% e 2%, respectivamente.

O BC ainda projeta uma Selic em 11,75% ao final de 2024. Para 2025, a estimativa saltou de 11% para 10,25%. As projeções para 2026 e 2027 se mantiveram inalteradas em 9,50% (2026) e 9% (2027).

Por fim, o câmbio de 2024 foi o único revisado para cima, de R$ 5,40 para R$ 5,42. Já nos demais anos, não houve alterações: R$ 5,40 (2025) e R$ 5,30 (2026 e 2027).

Agenda

Entre a agenda de indicadores, destaque para os dados do Índice Geral de Preços - Mercado (IGP-M), que será apresentado pela Fundação Getúlio Vargas às 8h.

Hoje, também há uma novidade: o Banco Central (BC) inicia a divulgação da nova pesquisa Firmus, que visa a captação de companhias não financeiras sobre seus negócios e sobre a economia no geral. O levantamento, no entanto, ainda está em fase de testes.

  • 8h: FGV/Brasil - IGP-M de outubro
  • 8h25: BC/Brasil - Relatório Focus
  • 10h: BC/Brasil - Pesquisa Firmus sobre expectativas do mercado
  • 15h: Ministério da Economia/Brasil - Balança comercial semanal
  • 9h55: Evento/EUA - Discurso de Lorie Logan (Fed/Dallas)
  • 14h: Evento/EUA - Discurso de Neel Kashkari (Fed/Minneapolis)
  • 18h05: Evento/EUA - Discurso de Jeffrey Schmid (Fed/Kansas City)

Balanços

A semana também será marcada pelo início da temporada de balanços por aqui. Nesta terça-feira, 22, no Brasil, há as divulgações de Romi (ROMI3) e Neoenergia (NEOE3). Mas o grande destaque são os resultados da Vale (VALE3) na quinta-feira, 24.

Lá fora, o mercado ficará de olho nos dados da Alphabet (NASDAQ: GOOGL), na terça, da Tesla (NASDAQ: TSLA) na quarta, 23, e da Amazon (NASDAQ: AMZN) na quinta-feira.

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