Rainha Elizabeth II (Reprodução/AFP)
A rainha Elizabeth II é uma das soberanas mais longevas da história do Reino Unido, com mais de 70 anos de reinado.
Em sete décadas no Palácio de Buckingham, a rainha Elizabeth II acumulou uma fortuna pessoal estimada em 370 milhões de libras (cerca de R$ 1,506 bilhão), se tornando uma das mulheres mais ricas do mundo.
Mas esta é apenas a renda pessoal da rainha. Pode parecer estranho, mas Sua Majestade recebia um salário como um normal funcionário público britânico, o "Sovereign Grant". Um valor decidido pelo Parlamento e que durante o ano fiscal de 2020-2021 chegou a 86 milhões de libras, 34,4 milhões dos quais foram usados para a restauração do Palácio de Buckingham, que precisava de manutenção urgente.
No entanto, grande parte desse dinheiro é gerada dentro das propriedades reais, graças ao turismo, aos museus e à venda de produtos relacionados à Casa Real.
Basicamente, um ciclo virtuoso: sem a rainha todo aquele dinheiro não chegaria, e sem o governo a rainha não conseguiria recuperá-lo.
Mas essa era apenas a renda. No caso do patrimônio da rainha, que se divide entre patrimônio pessoal e o atribuído como monarca, os números são muito maiores.
Elizabeth II possuía bens pessoais como o famoso Castelo de Balmoral, na Escócia, onde ela faleceu nesta quinta-feira, 8. A residência de verão da Família Real é avaliada em US$ 140 milhões. Outro exemplo é a propriedade rural de Sandringham, onde a rainha passava o Natal, avaliada em US$ 65 milhões. Ou o Palácio de Buckingham, que teria um valor estimado em US$ 4,9 bilhões.
Mas essas duas propriedades são migalhas em comparação com o "tesouro" da Coroa.
A soberana era proprietária do Crown Estate, o imenso patrimônio imobiliário da Coroa, cujo valor é de cerca de US$ 17,48 bilhões, e que gerencia dezenas de palácios luxuosos espalhados por Londres e em vários terrenos em todo o Reino Unido, por uma extensão estratosférica de 100 mil hectares, entre fazendas, pastos e plantações.
A rainha Elizabeth II possuía tecnicamente esta carteira de propriedades comerciais e industriais, mas não podia vender nenhuma.
Todos esses ativos geravam uma renda de cerca de US$ 400 milhões por ano em aluguéis e anuidades para a monarca, e agora para seus herdeiros.
A renda líquida do Crown Estate é repassada ao Tesouro britânico, segundo um acordo selado em 1760, mas 15% dos lucros obtidos vão direto para a Família Real.
A "Privy Purse", como é chamada da renda privada da monarca, provém sobretudo dos imóveis administrados pelo Ducado de Lancaster, um fundo privado que remonta a 1265 propriedade da casa real desde a Idade Média.
Seus ativos são constituídos de terras, investimentos financeiros e propriedades em um montante de mais de 500 milhões de libras.
O Ducado de Lancaster administra 315 residências, assim como estabelecimentos comerciais no centro de Londres e milhares de hectares de terras agrícolas.
No ano fiscal 2020-2021 o ducado de Lancaster gerou para a Rainha uma receita de 20 milhões de libras.
Em seu papel de soberana dos ingleses, Elizabeth II também tinha direito às Joias da Coroa, guardadas na Casa das Joias dentro da Torre de Londres, o antigo castelo do rei Guilherme o Conquistador, construído em 1066. Essas joias por si só valem US$ 4 bilhões.
No total, de acordo com estimativas obviamente não oficiais, os ativos da família Windsor chegam a US$ 88 bilhões. Um tesouro imenso que se choca com o estilo de vida frugal que Sua Majestade mantinha.
Por exemplo, há 50 anos a rainha usava o mesmo esmalte para as unhas, comprado no supermercado e cujo preço é 7,99 libras. Para aquecer seu quarto, a rainha usa um aquecedor elétrico de 30 libras. E quando está em Balmoral gosta de usar roupas velhas, remendadas, e sentar em seus sofás antigos, jamais trocados.
Segundo os biógrafos da rainha Elizabeth II, a experiência da Segunda Guerra Mundial e o bombardeio de Londres incutiu nela uma parcimônia e o hábito de economizar que permaneceram até o final da vida. Para os detratores, ela era apenas avarenta, no clássico estilo da Escócia, região que ela tanto amava.
Qualquer que tenha sido o caráter de Elizabeth II, ao lado do patrimônio acumulado, a rainha também tinha conseguido uma fortuna com apostas.
A soberana tinha uma paixão imoderada por cavalos. Paixão que se manifestava oficialmente em Ascot, a corrida de cavalos real, onde ela exibia roupas em tons pastel que o mundo inteiro admirava.
Mas além do lado institucional havia também o lado mais plebeu: ela era uma intensa jogadora. Ao longo de sua vida a rainha ganhou cerca de 500 apostas, para um total de 9 milhões de libras.
A renda obtida pela rainha era utilizada para pagar os compromissos oficiais da casa real, os salários dos funcionários, a manutenção das propriedades e boa parte também sustentava os filhos e os netos.
Entre os destinatários do dinheiro real estão sua filha, a princesa Anne, seu filho caçula, o príncipe Edward, e sua esposa, Sophie, condessa de Wessex, assim como seu filho do meio, o príncipe Andrew.
Todavia Andrew não desempenha mais funções da Família Real, portanto, não receberá uma parte tão generosa quanto no passado.
O príncipe caiu em desgraça por causa de sua proximidade com o consultor financeiro americano Jeffrey Epstein, acusado de explorar sexualmente menores de idade antes de se suicidar na prisão.